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Doentes sem comer no Santa Maria? "Foi uma rotura no serviço de apoio"

A presidente do Conselho de Administração admitiu haver falta de operacionais no Hospital Santa Maria. Doentes terão chegado a passar dois dias sem jantar.

Doentes sem comer no Santa Maria? "Foi uma rotura no serviço de apoio"
Notícias ao Minuto

15:36 - 23/03/23 por Notícias ao Minuto com Lusa

País Hospital Santa Maria

Foram tornados públicos, nos últimos dias, relatos de vários doentes internados temporariamente nas urgências do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, que só almoçaram depois das 17 horas. Para além destes casos, contam-se ainda histórias de utentes que ficaram dois dias sem jantar, alguns deles com diabetes e doenças oncológicas

Em resposta à polémica, a presidente do Conselho de Administração do hospital lisboeta disse tratar-se de "uma rotura no serviço de apoio", mas que "felizmente não é habitual".

"Que haja um doente só, um cidadão que esteja nas nossas instalações e no serviço de urgência e que não lhe tenha chegado a refeição na altura que era prevista, tem que ser encarado por nós com muita responsabilidade", vaticinou.

Ana Paula Martins, citada pela CNN Portugal, admitiu que "faltaram operacionais".

"Quando isto acontece - temos uma grande afluência também, e isso temos sempre - as situações criam maior stress dentro do movimento da urgência", argumentou.

Para a líder da administração do Santa Maria, este foi um caso "pontual", em que estavam presentes "menos operacionais" do que seria necessário. "Preocupou-nos e estamos a tomar todas as medidas para que não volte a acontecer", prometeu ainda.

O diretor executivo do SNS tinha anunciado antes que estão a ser preparadas medidas para alterar o sistema de referenciação para as urgências, nomeadamente dos casos não urgentes, advertindo que é uma situação inadiável.

Ana Paula Martins disse concordar "em absoluto" com a necessidade de resolver este problema que resulta em "urgências cheias e pessoas a esperar horas e horas".

"É urgente encontrar uma solução para os cidadãos que são triados com verde e azul (casos não urgentes)", defendeu, salientando que as salas de urgência e de espera do hospital "não foram preparadas para ter tantas e tantas dezenas de pessoas, tantas horas à espera".

Segundo Ana Paula Martins, os casos não urgentes representam cerca de 15% a 20% das pessoas que recorrem às urgências do Hospital Santa Maria, mas tornam-se um problema porque "sempre que um cidadão está 12, 15, 16 horas, mesmo sendo verde e azul, é um problema para o Serviço Nacional de Saúde".

"É um problema de confiança e é um problema para o Hospital de Santa Maria que não está organizado no serviço de urgência para garantir comida a estas pessoas, para garantir apoio em termos até da sua medicação crónica", rematou.

Ministro admite ser necessário "trabalho nos serviços de urgência"

Já o ministro da Saúde referiu este assunto, na manhã de quarta-feira, reconhecendo ser necessário fazer um "trabalho nos serviços de urgência de vários hospitais do país, desde logo nos da Grande Lisboa, porque há um incómodo das pessoas terem sido alimentadas fora da hora normal da refeição".

Em declarações aos jornalistas, após ter presidido à Sessão de Abertura do I Encontro 'Pausa para a Saúde Mental – Uma Reflexão no Ensino Superior', Manuel Pizarro argumentou que tal resulta de um "problema de base": "Temos demasiados doentes nas urgências, e por demasiado tempo. E é a montante que temos de resolver o problema."

"No serviço de urgência, é difícil pedir aos profissionais que tratem o tema da alimentação como a maior prioridade dos utentes que ali estão. Se os doentes estão em risco de vida (...), é evidente que essa é a prioridade dos profissionais", explicou ainda o ministro, justificando que tal "explica que, num caso ou em outro, a alimentação pode ter sido indesejavelmente adiada para fora do período normal".

[Notícia atualizada às 16h34]

Leia Também: Saúde? "Temos demasiados doentes nas urgências, e por demasiado tempo"

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