No depoimento de que o Diário de Notícias dá conta, esta quinta-feira, o ex-espião Jorge Silva Carvalho admitiu que tinha com Nuno Vasconcellos uma relação pessoal e profissional mas havia uma outra “faceta” dessa relação sobre a qual não podia falar, “ao abrigo do segredo de Estado”.
Ainda que a relação fosse informal, a Ongoing estava próxima do SIED e essa proximidade terá implicado uma troca de informações. À juíza, o antigo espião terá dito que nunca teve um contacto profissional direto com o presidente da Ongoing, com exceção de uma área sobre a qual não podia prestar declarações.
Relativamente ao facto de a Ongoing ter recebido informações específicas sobre empresários russos, o arguido considerou tratar-se de um “relacionamento institucional do diretor do SIED com a sua fonte e não com a Ongoing”.
Recorde-se que, Jorge Silva Carvalho foi contratado em 2011 pela empresa de Nuno Vasconcelos, abandonando ao fim de 25 anos os serviços de informação do Estado. O ex-espião encontra-se atualmente acusado de corrupção passiva, ao passo que o empresário é acusado de corrupção ativa.
Na fase de julgamento serão cinco os arguidos acusados. A Nuno Vasconcellos e Jorge Silva Carvalho juntam-se Nuno Dias, do Serviço de Informações e Segurança, e a sua companheira, Gisela Teixeira, ex-funcionária da Optimus – ambos suspeitos de terem obtido informações sobre a faturação do telemóvel do jornalista Nuno Simas, que cobriu o caso para o jornal Público. Também João Luís, antigo diretor operacional do SIED, está acusado de acessos ilegítimo a dados e de abuso de poder.