"Acho que a comissão fez um bom trabalho e acho que é importante para uma instituição como a Igreja Católica fazer esta depuração e uma reestruturação", afirmou Miguel Albuquerque, em declarações aos jornalistas à margem de uma visita a uma empresa no concelho de Santa Cruz.
Reagindo ao relatório sobre abusos sexuais apresentado na segunda-feira pela Comissão Independente para o Estudos dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, que recebeu 512 testemunhos validados relativos a 4.815 vítimas desde que iniciou funções em janeiro de 2022, o chefe do executivo insular classificou a situação de "extremamente grave".
"E não é só grave, como é muito constrangedora para a instituição. E o que é preciso agora é apoiar as vítimas, apurar responsabilidades morais, civis e criminais dos prevaricadores e punir aquilo que são crimes, do meu ponto de vista, hediondos", considerou.
"Não é admissível que no futuro possa voltar a acontecer o que aconteceu e os prevaricadores têm de ser expulsos literalmente da instituição. Não podem continuar lá", defendeu Miguel Albuquerque.
Sobre a sugestão da comissão independente no sentido de a prescrição dos crimes de abuso aumentar para os 30 anos das vítimas, o presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP) disse não ser a favor da retroatividade das leis, argumentando que "é muito complicado do ponto de vista jurídico".
"A comissão remeteu todas as conclusões para o Ministério Público e compete ao Ministério Público neste momento iniciar os procedimentos de indemnização criminais e de eventuais ressarcimentos civis no âmbito daquilo que são as suas competências", realçou.
O presidente da comissão independente, Pedro Strecht, indicou também que foram enviados para o Ministério Público 25 casos entre os 512 testemunhos validados recebidos ao longo do ano.
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