"Tivemos uma longa conversa com o padre António Faustino e decidiu-se adiar o encontro. Pode ser positivo pela possibilidade de se fazerem logo contactos", explicou Rita Silva, do Habita - Coletivo pelo Direito à Habitação e à Cidade.
No sábado, pelo menos sete pessoas ocuparam a Igreja Matriz da cidade, após a missa da manhã, exigindo que o Patriarcado de Lisboa assuma a mediação com a autarquia para encontrar uma solução. Durante a noite ficaram em instalações anexas à igreja "cinco adultos e uma criança".
Uma dezena de pessoas ficaram na terça-feira sem casa com a demolição de sete construções clandestinas pela câmara ao abrigo do Programa Especial de Realojamento (PER).
"Os moradores apelam para que a Igreja se envolva" nas negociações com a Câmara da Amadora, com vista à "suspensão obrigatória de todos os despejos previstos para o bairro", e também para ser encontrada "uma alternativa habitacional" para as famílias que não têm onde dormir, solicita-se na carta enviada ao patriarca Manuel Clemente, a que a Lusa teve acesso.
A comissão de moradores do bairro e o coletivo Habita pede na carta ajuda para os desalojados, "seja através dos programas da Caritas, Misericórdias, Igreja Solidária, Centros Sociais e Paroquias".
"Ficamos muito contentes que a Igreja assuma esta participação, não só religiosa e espiritual, mas também social", comentou Rita Silva.
"Não queremos uma casa de favor, só pedimos que nos ajudem, porque não conseguimos alugar uma casa no mercado livre", comentou Eurico Cangombi, um dos ocupantes da igreja, que na terça-feira viu ser demolida a casa onde habitava desde 2006.
A PSP mobilizou para o local meios da esquadra da Reboleira, mas a polícia não chegou a intervir, apoiando apenas na solução provisória disponibilizada pela paróquia. Colchões, roupas e comida foram transferidos para o anexo desocupado junto ao templo.
A presidente da Câmara da Amadora, Carla Tavares (PS), disse à Lusa no sábado que, na sequência das demolições, "ninguém nesse dia ou nos seguintes se dirigiu à câmara ou aos serviços sociais para acionar os mecanismos de emergência social".
A autarca garantiu ainda que "a Câmara não vai suspender o PER e continua empenhada em resolver o problema dos bairros degradados do concelho".
A Câmara da Amadora deve concluir este ano a demolição das restantes barracas do bairro de Santa Filomena.