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Portugal perdeu, mas Leonor e Sílvia não. Foram a três mundiais por sorte

As jovens são do Porto, têm 27 anos, e foram ao Brasil em 2014, à Rússia em 2018 e ao Qatar este ano, sempre por terem ganho passatempos que premiava com idas ao Mundial.

Notícias ao Minuto

07:46 - 15/12/22 por Notícias ao Minuto

País Futebol

Leonor e Sílvia são duas jovens portuenses de 27 anos e amigas há mais de 15. Unidas pelo mesmo amor - o desporto -, conheceram-se no Boavista FC e juntas já assistiram a três mundiais de futebol, um na América do Sul, outro na Europa e outro na Ásia, sem pagar um cêntimo.

A seleção nacional já foi eliminada, nesta edição do Mundial de Futebol, mas, para as duas jovens, ficam as memórias de uma 'tradição' que se vai tornando em algo sério - afinal, já é a terceira vez.

Mas afinal, como é que tudo isto aconteceu?

Tudo começou em junho de 2014, quando as atletas viram um passatempo da Sport TV, em que o prémio era um ‘pack’ completo de viagem, estadia e bilhete para um jogo de Portugal no Fifa World Cup no Brasil. “Sendo as duas de áreas criativas, mas também com muito esforço e vontade, participámos neste desafio, em separado, pois o prémio era individual. E não é que ganhamos? As duas!”, contaram Leonor e Sílvia ao Notícias ao Minuto.

A caminho das terras brasileiras, com apenas 18 anos na altura, havia o “nervosismo” de nunca terem embarcado numa aventura assim, inesperada. Segundo as jovens, a primeira viagem foi onde sentiram que tudo era “bastante bem organizado”.

Fomos muito bem acolhidas no Brasil. Houve uma receção com samba e comida logo no aeroporto, um hotel incrível que foi onde também ficou hospedada a seleção nacional, e a generosidade característica do povo brasileiro

Terminada a estadia no Brasil, Leonor e Sílvia voltaram a casa com o sentimento de gratidão. Afinal, apesar de ninguém acreditar “duas miúdas de 18 anos foram ao Mundial de Futebol no Brasil, sem pagar nada”.

Ficou o bichinho? “Temos de ir à Rússia!”

Quatro anos depois, em 2018, novo Mundial, desta vez na Rússia. Leonor e Sílvia “já com o bichinho”, decidiram que deviam tentar de novo. “Fomos há 4 anos ao Brasil, agora temos de ir à Rússia!" pensavam elas. “Foram horas, dias, semanas a procurar passatempos, até que uma de nós ganhou um em que não se podia levar acompanhante”, contaram as jovens.

Envoltas em várias questões… “e agora? Ia só uma de nós?”, ambas decidiram que iriam procurar outro desafio. E não é que foi mesmo? As atletas ganharam outro desafio. “Destino” dizem elas. Desta vez, para duas pessoas. “Demo-nos ao luxo de recusar o outro”, esclareceram.

E assim, em junho de 2018, Leonor e Sílvia voltaram a apoiar Portugal, no que chamam de “outra experiência única”.

De acordo com as jovens, tanto no Brasil como na Rússia receberam bilhetes a mais para os jogos e, por isso, decidiram oferecê-los a pessoas aleatórias que passavam na rua. “A felicidade dessas pessoas era surreal”, descreveram.

Pressão familiar após ida a dois Mundiais… “Queríamos manter a tradição”

Oito anos após a primeira viagem, a pressão com o aproximar da data começou a chegar. Entre familiares e amigos, todos perguntavam se Leonor e Sílvia iriam concorrer a algum passatempo para tentar de novo. Decididas a não quebrar o ritual, meteram mãos à obra na procura de desafios e passatempos. “Queríamos manter a tradição!”, revelaram.

E adivinhem só…? Ganhámos outra vez”, relataram as jovens, acrescentando que “ainda não há palavras para descrever estes dias”.

No Qatar, país onde consideram ter vivido “o ambiente com mais intensidade” por ser um país pequeno, foi também onde sentiram que “toda a gente pedia para tirar fotografias" por serem portuguesas.

Foram poucos os portugueses que vimos no Qatar

Sobre o país durante o Mundial, Leonor e Sílvia realçaram “que teve a vantagem de se realizar num país pequeno, o que contribuiu para a aproximação e o convívio dos adeptos de todos os países”. 

Para além disso, segundo as atletas, “toda a logística e condições foram espetaculares”, tanto do hotel em que ficaram hospedadas, como o facto de os bilhetes para os jogos terem visita ao interior do estádio antes do jogo, e ainda com direito a alguns extras. 

Estava tudo bastante bem organizado por todo o país, desde os transportes públicos, sinalização e hospitalidade das pessoas”, esclareceram.

Apesar de o Qatar ser um país envolto em polémica quanto à exploração dos trabalhadores que construíram as infraestruturas para o Mundial de Futebol no Qatar, as atitudes discriminatórias que tem para com as mulheres e a comunidade LGBT, além da falta de liberdade de imprensa, Leonor e Sílvia falam de uma altura “em que o que acontece no país está um pouco camuflado e pode não corresponder 100% à realidade".

Durante a estadia da dupla, “a interação com os Qataris e residentes não Qataris foi bastante afável”, e, “de salientar, que nos sentimos super seguras”.

Fomos muito bem recebidas por todos e em nenhuma situação nos sentimos inferiores ou desrespeitadas

Na perspetiva de Leonor e Sílvia, “é super importante estes eventos, de forma a haver contacto entre diferentes culturas e que para que se possa abrir caminho para a resolução de problemas”.

Mas afinal, qual é o segredo para se ganhar tantos passatempos?

As viajantes, “sortudas” como se consideram, esclareceram que não é um processo fácil e “têm noção do valor e de todo o esforço”. São as duas de áreas criativas e há sempre “muito apoio dos amigos e família, já que alguns desafios também exigem ajuda”.

“Perdemos várias horas, dias, semanas a preparar fotografias, frases ou vídeos.. a pesquisar os passatempos que estão a decorrer e quais os que mais nos identificamos”, explicaram, acrescentando que “exige muito tempo, dedicação, paciência e criatividade”.

Nestes processos, Leonor e Sílvia realçaram que nem sempre é um ‘mar de rosas’. “Por vezes é frustrante o tempo que dedicamos a determinado desafio que depois não ganhamos… mas tem valido o esforço e é algo de que nos orgulhamos muito”, remataram.

No entanto, "ao mesmo tempo, também é algo que nos dá muito gosto: gostamos dos desafios, de pensar fora da caixa e divertimo-nos muito” reforçaram.

As atletas, agora mais velhas, e “com muitas histórias para recordar”, frisam o bom que tem sido esta “aventura”, e denotam que "o ambiente que se vive num mundial é indescritível: a energia dos adeptos e o quanto vibram com o jogo”.

“Cada mundial foi especial e teve os seus momentos marcantes”, recordaram Leonor e Sílvia, concluindo que “foi mesmo de outro mundo”.

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