Em comunicado, a Cáritas, que reuniu no passado fim de semana o seu Conselho Geral, lamentou, também, que após "o encaminhamento de pessoas pelos serviços para resposta de emergência", não haja, "muitas vezes", um apoio posterior por parte dos serviços do Estado.
"Esta resposta é da responsabilidade das autoridades públicas que não pode nem deve esgotar-se na mera indicação, mas no assumir das suas contínuas responsabilidades", sublinhou a Cáritas, que criticou, também, "o desfasamento no compromisso assumido para assegurar os cuidados prestados aos utentes" por parte daquelas entidades.
Esta organização sublinhou que "é chamada a colaborar com as entidades públicas para responder a necessidades urgentes não previstas e está disponível para o fazer", mas alertou que "o compromisso assumido pelas partes não é equivalente".
A este facto soma-se "a demora na concretização dos pagamentos, que implica um elevado esforço de tesouraria para fazer face aos encargos mensais".
"Para responder e cumprir com os protocolos e solicitações das entidades públicas é necessário que a Cáritas tenha disponibilidade financeira para dar início à colaboração. A demora na reposição dos valores acordados torna esta situação muito difícil", frisou o comunicado.
Por outro lado, a instituição presidida por Rita Valadas manifestou preocupação face "à incerteza gerada pelo processo de transferência de competências da área social para as autarquias".
"Regista-se uma disparidade entre as diversas autarquias, o que nos coloca incertezas quanto ao planeamento/orçamento do próximo ano e às responsabilidades a assumir", alertou a Cáritas, acrescentando que, "ainda que esta situação se manifeste de formas diferentes segundo a realidade local, o sentir da rede aponta para a necessidade de alertar para as questões já identificadas, agravadas pela falta de agilidade na comunicação a nível nacional e pelo aumento dos custos de energia, combustíveis, taxas de juro, alimentação e outros custos gerais não abrangidos pelos protocolos".
Já no domingo, após as conclusões da reunião do Conselho Geral, a Cáritas, em comunicado chamou a atenção para o facto de, "num momento de partilha de realidades e de expectativas face às dificuldades esperadas para o ano de 2023", os participantes no encontro terem manifestado "a sua preocupação provocada pela insuficiência de apoios públicos para a ação social e uma manifesta dificuldade de diálogo e articulação, nomeadamente, por parte do Instituto da Segurança Social", situação que "dificulta uma ação social com dignidade para os mais vulneráveis".
A Cáritas Portuguesa, "braço" da Igreja Católica para a ação social, congrega 20 Cáritas Diocesanas, anuncia a sua presença "onde há situações de vulnerabilidade como testemunho da fraternidade da comunidade cristã para com os mais pobres, promovendo a partilha de bens e a resposta em situações de emergência seja social ou humanitária".
"Do trabalho realizado em cada Cáritas Diocesana pode fazer parte a articulação com o Estado de forma supletiva e sempre que há necessidade de assegurar uma resposta a situações de emergência ou vulnerabilidade", informa a instituição.
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