Em causa está o processo de desagregação de freguesias e uma polémica que já gerou dois contraditórios abaixo-assinados, cada qual com mais de 630 assinaturas, e determinou a marcação de uma consulta pública à população de Seixezelo para 01 de dezembro.
Esta polémica já gerou várias trocas de pressão entre o atual (PS) e a autarca anterior (PSD), bem como de um movimento popular e da CDU de Vila Nova de Gaia.
Para o atual presidente da União de Freguesias de Pedroso e Seixezelo, Filipe Silva Lopes, as posições e acusações hoje tornadas públicas pelo PSD são "politiquice barata" com "propósitos políticos".
Num comunicado enviado hoje à agência Lusa, o social-democrata Sérgio Baptista, que foi presidente da Junta de Seixezelo e é membro da Assembleia de Freguesia da União de Pedroso e Seixezelo, acusa o socialista e atual presidente de Junta de estar "a usar a maioria absoluta para, numa atitude autista de quero, posso e mando, fazer prevalecer a sua opinião pessoal contra a legítima vontade dos seixezelenses".
"Quis fazer de Seixezelo um caso único e uma exceção, sem razão e sem sentido, em Vila Nova de Gaia, contra um verdadeiro pacto de regime entre a câmara municipal e todos os partidos com assento na Assembleia Municipal, quando participou, em fevereiro passado, numa reunião que decidiu a desagregação a 24 e em que o próprio entrou mudo e saiu calado, sem declarar qualquer oposição", lê-se no comunicado.
Sérgio Baptista acusa Filipe Silva Lopes de ter promovido o abaixo-assinado que é contra a desagregação destas freguesias e afirma que as assinaturas foram "recolhidas por funcionários da autarquia e em horário de expediente" e que "a veracidade e autenticidade de muitas assinaturas é muito duvidosa".
No comunicado, o social-democrata diz que do documento constam o nome e não seguramente a assinatura de pessoas com a identificação repetida, pessoas recenseadas em outras freguesias, pessoas que estão emigradas e têm residência no estrangeiro, folhas inteiras apenas com a menção de nome e número de Cartão do Cidadão, entre outras situações.
A agência Lusa contactou o presidente da União de Freguesias de Pedroso e Seixezelo que negou ter tido participação na elaboração do abaixo-assinado, apontando que apenas se limitou a remeter os dois (um contra a desagregação e outro a favor) para "as entidades que se entendeu que se devia encaminhar", nomeadamente a Assembleia Municipal.
"[Essa acusação] é falsa. Qualquer um dos abaixo-assinados é legítimo, mas sinceramente nem olhei para nenhum. Não assinei nenhum. A Junta de Freguesia não promoveu nenhum abaixo-assinado como é evidente. Apenas encaminhou os dois que recebeu", disse Filipe Silva Lopes.
Já as acusações de desonestidade intelectual ou de estar a tentar impedir a desagregação das freguesias à revelia da vontade popular, o autarca disse estar "tranquilo" quanto ao seu comportamento, admitindo que defende a manutenção da união e freguesias, uma opinião que não mudou.
"Ao contrário do senhor Sérgio Baptista, temos atas de 2012 que provam que ele defendia a agregação. Pronto, agora mudou de ideias, mas eu nunca mudei e nunca escondi a minha opinião", disse.
Para o socialista, "não é a identidade que move o senhor Sérgio Baptista que entra mudo e sai calado nas Assembleias de Freguesia. Ele está a fazer uma pré-campanha e o adversário não serei eu, quer agregue quer desagregue", respondeu.
Na quinta-feira vai decorrer uma consulta pública (por voto secreto em urna), que não é vinculativa e é reservada a pessoas recenseadas em Seixezelo, das 08:00 às 19:00 horas no Centro Social Manuel Pinto de Sousa.
A freguesia de Seixezelo tem 15.000 habitantes, enquanto a de Pedroso tem 30.000.
Em Vila Nova de Gaia existem 15 autarquias locais, sete das quais são sindicatos de freguesias e oito juntas. Antes da agregação, existiam 24 freguesias.
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