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Bispo assume que foram abafados casos de abusos e pede perdão a vítimas

D. José Ornelas assegurou que os padres sob investigação "têm sido retirados do ministério" e serão "excluídos da vida da Igreja" se forem condenados por pedofilia. Porém, assume que houve encobrimento de casos.

Bispo assume que foram abafados casos de abusos e pede perdão a vítimas
Notícias ao Minuto

23:49 - 03/10/22 por Notícias ao Minuto com Lusa

País D. José Ornelas

O bispo de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas pediu, esta segunda-feira, “perdão” às vítimas de abuso sexual na Igreja que “foram abusadas onde menos deviam ter sido”. 

“Eu peço desculpa, aqui e sempre. E sempre que falo disto peço desculpa a estas pessoas. Não é desculpa, é precisamente perdão. Porque estas pessoas foram abusadas onde menos deviam ter sido”, sublinhou o bispo em entrevista à CNN Portugal.

Questionado se assumia que "durante anos foram abafados casos" de abusos sexuais na igreja católica, o bispo da diocese de Leira-Fátima foi taxativo na resposta.

"Foram [abafados]. E isso não é bom", respondeu Dom José Ornelas.

A questão estava relacionada com as suspeitas que envolveram recentemente o bispo timorense, Dom Ximenes Belo, das quais Ornelas garantiu ter tido conhecimento apenas "nestes dias" e "com uma grande tristeza".

"Pensava que o conhecia. É uma tristeza muito grande. Penso nele, nas vítimas dele e penso naquilo que estas vítimas significam, que é precisamente o contrário daquilo que nós [igreja católica] devíamos ser", comentou.

Quanto à existência de sete padres sob investigação e sobre quais “as sanções” aplicadas, Ornelas revelou que “estes padres vão ser excluídos da vida da Igreja, do ministério da Igreja”. "Se são condenados por pedofilia, é evidentemente que serão [excluídos]", afirmou, acrescentando que, durante a investigação, estes padres “têm sido retirados do ministério”.

No domingo, o bispo do Porto, Manuel Linda, defendeu que os abusos sexuais na Igreja não são “um crime público”, declaração que Ornelas diz que “deve ter sido um lapso de expressão”. “Temos consciência disso [que é um crime público] e é por isso que fizemos esta comissão”, disse referindo-se à comissão independente para o estudo dos abusos na Igreja Católica em Portugal, anunciada no final de 2021. 

Sublinhe-se que, no sábado, o Ministério Público (MP) confirmou estar a investigar o bispo José Ornelas por alegado encobrimento de abusos sexuais, revelando que já houve uma investigação com possíveis ligações a este caso em 2011.

Além da investigação iniciada no final de setembro pelo DIAP de Lisboa, a PGR adiantou também que já existiu um inquérito em 2011 com possíveis ligações a este caso, mas remeteu mais informações para a consulta do respetivo processo.

Em comunicado, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) assegurou que o seu presidente, José Ornelas, "deu indicações" em 2011 para que suspeitas de abuso sobre crianças num orfanato em Moçambique fossem investigadas, não tendo sido encontradas evidências de "possíveis abusos".

A CEP refere que "passados todos estes anos", o atual presidente da Conferência Episcopal Portuguesa "foi surpreendido com a informação" de que decorre uma investigação na PGR, "sem que, até ao momento, tenha recebido qualquer notificação e cujo conteúdo desconhece".

José Ornelas, de 68 anos, preside à CEP desde 16 de junho de 2020 e é bispo de Leiria-Fátima desde 13 de março deste ano. Ocupou o cargo de superior geral dos Dehonianos entre 27 de maio de 2003 e 06 de junho de 2015.

Leia Também: Padre denunciado ao bispo José Ornelas acusado de atentado ao pudor

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