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Discurso de Putin prova que para a Rússia "a culpa é sempre dos outros"

"A Rússia não tem culpa de nada, os culpados são os outros", ironizou José Milhazes.

Discurso de Putin prova que para a Rússia "a culpa é sempre dos outros"

O historiador e jornalista José Milhazes comentou, esta sexta-feira, o discurso do presidente russo, Vladimir Putin, no âmbito da assinatura dos tratados de anexação das regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia.

Milhazes considerou que o discurso de Putin, marcado por críticas ao Ocidente, são a prova de que para a Rússia “a culpa é sempre dos outros”. “A Rússia não tem culpa de nada, os culpados são os outros. São os ocidentais, a NATO, os Estados Unidos. Depois são os europeus porque não reagem, não apoiam a Rússia”, ironizou.

Num discurso que se prolongou por cerca de 40 minutos, Putin acusou o Ocidente de pretender tornar a Rússia numa "colónia" e de estar na origem das "explosões" que provocaram fugas importantes nos gasodutos Nord Stream 1 e 2, construídos para transportar gás russo em direção à Europa.

O chefe de Estado russo frisou que a Ucrânia "deve respeitar a livre expressão da vontade popular" dos cidadãos das quatro regiões anexadas e considerou que esta opção "é a única via para a paz".

Para Milhazes, trata-se de um “discurso muito perigoso” uma vez que o “patamar de agressividade subiu muito” e que o presidente russo se mostrou “aberto a conversações”, que excluem as regiões anexadas. “São conversações à Putin e é com isto que nós vamos ter de operar durante as próximas semanas”.

“Ele tenta levar esta imagem agressiva aos militares da frente para eles conseguirem derrotar os ucranianos e a Ucrânia”, destacou.

O historiador sublinhou ainda a "hipocrisia" de Putin ao citar o filósofo russo Ivan Ilyan, apoiante dos ditadores Adolf Hitler e Benito Mussolini.

"Isto foi uma tentativa de juntar os povos da Rússia contra o inimigo que é o Ocidente. Ele [Vladimir Putin] gosta muito de citar um filósofo russo, que citou hoje - Ivan Ilyin -, e este senhor foi um russo que fugiu da revolução comunista para a Europa e apoiou abertamente Hitler e Mussolini. Agora, tirem as conclusões. Este grande patriota, que defendeu políticos que invadiram a pátria dele. Resume-se toda a hipocrisia do discurso de Putin", considerou.

Sublinhe-se que Putin formalizou hoje a anexação das regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia, após a realização de referendos entre os dias 23 e 27 de setembro.

O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.

A ONU confirmou que cerca de seis mil civis morreram e nove mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.

Leia Também: Russos celebram anexação. Na Praça Vermelha fala-se numa "Ucrânia russa"

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