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"Portugal precisa acreditar que exerce alguma influência sobre o Brasil"

O catedrático Rodrigo Tavares escreveu na Folha de São Paulo sobre o bicentenário da Independência do Brasil, e questiona a "inevitabilidade" da presença do chefe de Estado nas comemorações.

"Portugal precisa acreditar que exerce alguma influência sobre o Brasil"
Notícias ao Minuto

12:02 - 07/09/22 por Notícias ao Minuto

País Independência do Brasil

O empresário Rodrigo Tavares analisou as relações entre Portugal e o Brasil, considerando que, apesar de o primeiro ser um país "europeu e europeísta", no entanto, "voa sem sair do lugar". "É apenas no campo da lusofonia que Portugal tem conseguido consumar a sua identidade universal", defendeu.

"Portugal, para ser português, precisa acreditar que exerce algum tipo de influência sobre o Brasil, e que tem o seu respeito", defendeu o professor-adjunto da NOVA School Business of Economics num artigo de opinião na Folha de São Paulo, intitulado 'Portugal precisa do Brasil para ser português'. "Mas isso não acontece", rematou.

Rodrigo Tavares apontou que o Brasil é um país "superlativo" e que "nunca reconheceu em Portugal uma prioridade longeva". "E sempre que o Brasil mostra mais frieza, Portugal contorce-se, retorce-se, desconforta-se e azia-se enquanto sobe o tom para falar 'nos laços de amizade que unem dois povos irmãos'"", atirou.

O empresário, que conta com uma nomeação para Young Global Leader pelo Fórum Económico Mundial, em 2017, deu mesmo o exemplo do atual Presidente da República. "Marcelo, como é carinhosamente tratado pelos portugueses, nasceu no berço do universalismo português", sublinhou, lembrando que o pai, Baltazar Rebelo de Sousa, foi nomeado nos anos 60 para o cargo de governador-geral de Moçambique. "Após a Revolução dos Cravos, refugiou-se no Brasil", escreveu. O colonista continuou com os exemplos recuando até ao avô de Marcelo Rebelo de Sousa, que viveu em Angola, após ter trabalhado no Rio de Janeiro. 

"Para o presidente português, as capitais da lusofonia, de Díli a Luanda ou a Maputo não são capítulos da história portuguesas, mas páginas no álbum de família. O Brasil é um assunto de Estado, mas também é uma memória pessoal",  considerou, apontando que o chefe do Estado ultrapassou  recordes ao longo dos seis anos, com um número igual de visitas. "Um recorde que viola códigos diplomáticos de reciprocidade", apontou, referindo tanto Michel Temer como Dilma Roussef "mostraram muita indiferença por Portugal", tendo as suas passagens sido "poucas e fugidias".

O catedrático questiona mesmo se a presença de Marcelo Rebelo de Sousa [nas celebrações], que chegou na terça-feira a Brasília, era "inevitável". "A presença de Marcelo no Brasil é um gesto retórico de um presidente que é particularmente sensível à importância de manter o Brasil dentro da esfera de influência. A sua sexta visita ao Brasil é mais importante para os portugueses do que para os brasileiros", defendeu, sublinhando mais à frente que o Brasil é "condescendente com a retórica universalista portuguesa apenas quando vê a possibilidade de extrair dividendos específicos".

"E o futuro? Uma eventual vitória de Lula abrirá um campo de novas oportunidade. Se cumprido o programa eleitoral, a sua política externa será vigorosa. enquanto Alckmin [candidato a vice-presidente] arrumará a casa interna a partir de Jaburu, Lula tentará arrumar o mundo a partir do Planalto", rematou.

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