Quercus alerta para "impactos ambientais negativos" da Barragem do Pisão
A associação ambientalista Quercus alertou hoje para os "grandes impactes ambientais negativos" decorrentes da construção da Barragem do Pisão, no Crato (Portalegre), alegando que vai destruir "centenas de hectares de montado".
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País Barragem do Pisão
"Numa época de crise económica, este investimento deveria ser alterado", pois, o projeto "tem grandes impactes ambientais negativos, destruindo centenas de hectares de montado, com dezenas de milhares de azinheiras", argumentou a Quercus, em comunicado.
E, acrescentou, "além da destruição na área florestal de montado da região", a rega prevista "vai promover o alastramento descontrolado das culturas superintensivas de regadio", as quais têm vindo "a descaracterizar o Alentejo".
O comunicado da associação ambientalista surge numa altura em que decorre a consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do empreendimento, que se encontra em fase de estudo prévio.
A Quercus lamentou que a consulta pública decorra "no verão, numa época de férias", já que arrancou a 01 de julho e prolonga-se até 11 de agosto.
No comunicado, os ambientalistas criticaram também que, para a construção desta barragem, estejam previstos 120 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)
"Se o projeto avançar, será um primeiro tiro da 'bazuca' do PRR fora do alvo", disse a Quercus.
Para a associação, "o PRR, no contexto da crise económica e social devido à pandemia, deveria contribuir para o crescimento sustentável integrado no Pacto Ecológico Europeu (Green Deal) e não para financiar projetos destrutivos e inviáveis sem um grande investimento público e comunitário".
A instalação de "uma grande" central solar na zona, incluída no projeto, mereceu também criticas da Quercus, que disse que essa unidade vai alterar o uso do solo numa zona agroflorestal, ao "invés de se utilizarem as coberturas de edifícios de áreas já artificializadas".
Consultado hoje pela agência Lusa, o resumo não técnico do EIA do Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos (AHFM) do Crato, mais conhecido como Barragem do Pisão, admite que o projeto vai envolver "impactes negativos significativos".
Esses impactes, quer na fase de construção, quer na de exploração, vão implicar a "afetação substancial" de valores naturais, patrimoniais, ecológicos e socioeconómicos, pode ler-se.
Contudo, segundo o documento, obra deve ser viabilizada tendo em conta o "valor socioeconómico" que pode representar para uma região como a de Portalegre, "muito carenciada de projetos estruturantes" e que potenciem o desenvolvimento regional.
A Barragem do Pisão é uma aspiração e reivindicação histórica das populações do Alto Alentejo, com mais de meio século.
Segundo o cronograma submetido à Comissão Europeia, as obras estarão terminadas em 2025, compreendendo um investimento de 171 milhões de euros, dos quais 120 milhões já inscritos no PRR.
Segundo a Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA), responsável pela execução do projeto, a futura estrutura vai surgir numa área de 10 mil hectares, beneficiando cerca de 110 mil pessoas nos 15 municípios do distrito de Portalegre e o seu "principal objetivo é garantir a disponibilidade de água para consumo urbano".
Além disso, visa "reconfigurar a atividade agrícola e criar oportunidades para novas atividades económicas, nomeadamente ao nível da agricultura, do turismo e no setor da energia", já que engloba também uma central fotovoltaica flutuante (cujo financiamento ficou de fora do PRR).
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