"Rússia apresenta condições que a Ucrânia considera inaceitáveis"
O comentador e especialista em história da Rússia, José Milhazes, mostra-se pouco esperançoso num resultado positivo para as novas negociações entre Rússia e Ucrânia.
© José Milhazes
País Ucrânia/Rússia
Numa altura em que a Rússia tenta voltar à mesa de negociações para discutir um cessar-fogo na Ucrânia e uma cedência de territórios no Donbass, o comentador e especialista José Milhazes afirmou, esta segunda-feira, que não acredita que existam condições para umas negociações com sucesso.
No seu espaço de comentário na SIC, esta manhã, Milhazes afirmou que os apelos à paz e ao cessar-fogo são "um ritual", pois "toda a gente sabe que não pode ser realizado".
"As partes no conflito não conseguem encontrar a plataforma que possa levar ao êxito destas conversações", disse.
O jornalista e autor do livro 'A Mais Breve História da Rússia' acrescentou que "a Rússia queixa-se de que a Ucrânia não responde à última proposta russa sobre o fim da guerra, mas o problema é que a Rússia apresenta condições que a Ucrânia considera inaceitáveis", como a desmilitarização do país e a cedência sobre o controlo do Donbass e da Crimeia.
Sobre a proposta italiana na Organização das Nações Unidas (ONU) para um cessar-fogo faseado, José Milhazes criticou a sugestão sobre a cedência de territórios pela Ucrânia. "Os líderes europeus cujos países são vizinhos da Rússia têm uma atitude; os líderes ocidentais têm outra atitude. São os italianos que vão ceder parte do seu território para salvar a face de Putin?", questionou.
Milhazes apontou que uma pressão por parte da União Europeia para que a Ucrânia ceda territorialmente à Rússia é negativa, pois, defende o comentador, "Ucrânia não deve aceitar isso, nem Zelensky, porque é o futuro político do presidente que está em causa"-
Além disso, refere, "ninguém diz nem ninguém garante que, se cederem agora, os ucranianos não terão de ceder outra vez", e acrescenta que os países vizinhos da Rússia, como a Polónia e a Roménia sabem que "ceder à Rússia, significa não resolver o problema".
"Dentro de alguns anos, o que resta da Ucrânia vai reforçar-se e exigir a devolução dos territórios, ou a Rússia vai tentar, uma vez mais, prosseguir novas cedências do ocidente, que é o que tem acontecido até agora", explicou o jornalista.
A guerra na Ucrânia já fez mais de 3.800 mortos entre a população civil, segundo os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. No entanto, a organização adverte que o número real de mortos poderá ser muito superior, dadas as dificuldades em contabilizar os mortos em cidades sitiadas e ocupadas pelos russos, como é o caso de Mariupol, onde o governo ucraniano estima que tenham morrido dezenas de milhares de pessoas.
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