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Estudo inédito sobre ação do VIH2 no intestino apresentado hoje

Na infeção pelo VIH2 há um melhor controlo da mucosa intestinal, o que impede a libertação de micróbios e consequente inflamação, como acontece com o VIH1, segundo um estudo recente do Instituto de Medicina Molecular, ainda para ser publicado.

Estudo inédito sobre ação do VIH2 no intestino apresentado hoje
Notícias ao Minuto

06:30 - 05/04/14 por Lusa

País Ciência

Estas conclusões vão ser apresentadas hoje pela presidente do Instituto de Medicina Molecular (IMM), Maria do Carmo Fonseca, durante a Conferência "VIH-2: o vírus esquecido", que decorre em Lisboa.

Segundo uma das autoras do estudo, Ana E Sousa, o VIH induz uma infeção crónica, que progride para Sida, mas a progressão dessa inflamação é mais lenta nos casos de infeção pelo VIH2.

No caso das infeções por VIH2, o vírus entra nas células e estabelece reservatórios virais (replica-se, à semelhança do que faz o VIH1), no entanto, nestes casos, quase não há carga viral em circulação, o que indica que de alguma forma "o vírus é controlado", explica a investigadora.

"Falta saber como é controlado, quais os mecanismos dentro da célula que fazem com que ele seja controlado", diz Ana E Sousa, sublinhando que este é um "bom modelo para compreender o VIH1".

O que este novo estudo vem mostrar é a diferença de comportamento da mucosa intestinal das pessoas com VIH1 e VIH2.

"O VIH afeta os linfócitos (as células que fazem as nossas defesas). O VIH infeta estas células e elas diminuem e nós deixamos de ter defesas. Existem linfócitos no sangue, mas particularmente estão no intestino, para defenderem contra os micróbios existentes nas paredes dos intestinos", explicou.

Quando estes linfócitos são afetados, os micróbios vão saindo da parede do intestino e entram em circulação no sangue.

"Ao termos muitos bocadinhos de micróbios a passar para o sangue desenvolvemos inflamação", acrescentou.

Sabe-se que o VIH1 reduz os linfócitos da mucosa intestinal e que também há perda de linfócitos nos doentes de VIH2, mas este novo estudo indica que com o VIH2 há um "melhor controlo da mucosa intestinal para evitar o envio de vírus".

A especialista explica que o VIH2 se transmite menos e ficou sempre ligado a zonas da África Ocidental, sendo que Portugal é o país não africano com maior prevalência.

Isto deve-se à ligação de Portugal com as ex-colónias, em primeiro lugar a Guiné-Bissau e depois Cabo Verde, disse à Lusa António Diniz, diretor do Programa Nacional para a Infeção VIH/SIDA.

De acordo com o responsável, existem perto de duas mil pessoas infetadas com o VIH2 em Portugal.

António Diniz acrescenta que dos casos notificados até março, os infetados com VIH2 correspondem a cerca de 3,5% do total.

Para o diretor do Programa Nacional para a Infeção VIH/SIDA, Portugal é um país de referência para o estudo internacional do VIH2, em primeiro lugar porque participou na descoberta do vírus e em segundo lugar porque "tem pessoas infetadas e os meios para estudar o vírus".

"Outros países têm as pessoas, mas maior dificuldade de meios, enquanto outros países têm os meios, mas não têm pessoas", salientou.

A conferência de hoje destina-se assim a apresentar a história do VIH2, com a ajuda de especialistas estrangeiros que participam no encontro, mas também a chamar mais pessoas a estudar este vírus mais esquecido.

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