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Portugal e Espanha decidem reunir ministros dos Negócios Estrangeiros

Portugal e Espanha decidiram realizar "nas próximas semanas" uma reunião entre os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa dos dois países para "pensar em voz alta, de forma coordenada", os grandes temas "estratégicos" da atualidade.

Portugal e Espanha decidem reunir ministros dos Negócios Estrangeiros
Notícias ao Minuto

16:55 - 09/05/22 por Lusa

País Estratégia

O anúncio foi feito pelo chefe da diplomacia portuguesa, João Gomes Cravinho, depois de uma reunião hoje em Madrid com o seu homólogo de espanhol, José Manuel Albares, que marcou a primeira visita bilateral do ministro luso a um país europeu desde que tomou posse do cargo.

"Estamos com muita vontade de inaugurar este modelo que se prevê que seja anual", disse João Gomes Cravinho numa conferência de imprensa, ao lado de José Manuel Albares.

Segundo o ministro português, essa reunião a quatro, entre os dois responsáveis pelas Relações Exteriores e, neste caso, duas da Defesa, irá permitir a "Portugal e Espanha pensarem em voz alta, de forma coordenada, sobre os grandes temas estratégicos do nosso tempo".

Cravinho insistiu que os dois países se "entendem" e "conhecem muito bem" e que precisam "apenas de trabalhar melhor a sua relação para um âmbito mais alargado".

A primeira dessas reuniões que, segundo fonte diplomática, se irá realizar em Portugal, irá tratar, entre outros temas, da cimeira da NATO que se vai realizar em Madrid em 29 e 30 de junho, e que será um "momento muito marcante" para a Aliança e também "muito marcante para a identidade europeia de defesa".

A possibilidade de reuniões no formato "2+2" tinha sido avançada na última cimeira bilateral entre Portugal e Espanha em outubro de 2021 em Trujillo, na Estremadura espanhola.

Albares agradeceu a Cravinho a escolha de Madrid como primeira visita bilateral, tendo o português considerado ser a opção "natural", justificando-a "pela riqueza e pela intensidade" das relações entre os dois países, que já têm "há muitos anos e de forma crescente um significado muito especial".

Segundo João Gomes Cravinho, o relacionamento entre os dois países ibéricos tem hoje "uma nova dimensão", numa altura em que são confrontados com "o desafio da invasão da Ucrânia" pela Rússia e também quando têm de enfrentar um conjunto de transições em várias áreas, como na da energia, na do digital e na das alterações climáticas, entre outras.

"Portugal não teria problema em fechar a torneira [da importação de crude da Rússia] hoje, mas com o nosso objetivo de manter a unidade, temos que trabalhar com os parceiros europeus que não têm essa possibilidade", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros português numa referência à falta de unanimidade dos 27 quanto à aprovação do sexto pacote de sanções à Rússia.

No entanto, o ministro insistiu que os problemas entre os Estados-membros da União Europeia são "técnicos" e não de "divergências políticas".

"Sabemos que o sexto pacote é particularmente difícil, mas encontraremos a solução para prosseguir nesse caminho e o sexto pacote será aprovado e fortemente penalizador para a Rússia", assegurou João Gomes Cravinho".

Os ministros dos Negócios Estrangeiros português e espanhol concordaram que a UE irá aprovar sanções contra o gás e o petróleo russos, embora para tal seja necessário estabelecer prazos que permitam aos parceiros europeus resolver os seus problemas de dependência energética.

"O debate não é tanto sobre se devem ou não ser tomadas medidas contra as importações, mas se são necessários prazos" para resolver os "problemas de alguns parceiros", explicou Albares.

Segundo o ministro português, "a unidade europeia continua", mas é preciso "encontrar um equilíbrio entre não permitir que Putin continue a financiar a sua guerra com fundos europeus, mas também não desestabilizar os Estados europeus".

Para ambos, o fundamental é manter a unidade europeia nas reações à invasão russa, razão pela qual é necessário reconhecer que "existem impactos assimétricos e temos de encontrar soluções".

Tanto Gomes Cravinho como Albares apontaram a possibilidade de Espanha e Portugal servirem de centro de regaseificação e distribuição de gás importado de outros países, embora isto exija primeiro as interconexões a que a França se tem oposto desde há anos.

Lisboa voltou a referir que a Península Ibérica pode ser "alternativa" para levar gás natural aos países europeus, mas não a curto-prazo, porque "as infraestruturas precisam de ser construídas, nomeadamente entre Espanha e França".

"Pensamos que é o momento aproveitar esta consciência estratégica forte na Europa para reforçar significativamente o contributo que Portugal e Espanha podem dar ao mercado europeu de energia", resumiu o ministro português.

João Gomes Cravinho garantiu que "a embaixada portuguesa em Kiev irá abrir em breve", havendo "um conjunto de questões que estão a ser estudadas", preferindo "não entrar em pormenores que têm a ver com a segurança" do corpo diplomático na capital ucraniana.

Quanto à visita prevista do primeiro-ministro, António Costa, a Kiev, ela "acontecerá tal como têm acontecido as visitas de outros primeiros-ministros, num quadro de algum sigilo" e que a imprensa apenas saberá mais "quando ele lá chegar".

No final da tarde, o ministro português participou com o homólogo espanhol no colóquio "Uma Visão Ibérica dos Desafios da União Europeia" em que a situação vivida na Ucrânia voltou a estar em destaque, numa sessão em que os dois ministros abordaram questões sobre a guerra na Ucrânia e se esta pode reforçar a posição geoestratégica da União Europeia a nível mundial.

Leia Também: Acordo ibérico para fixar preço do gás já está em Bruxelas. Será avaliado

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