FLUP. Aberto inquérito a professor que aluna acusa de abuso sexual
Embora a aluna estrangeira alegue que engravidou e perdeu o bebé, o advogado do docente, Augusto Ínsua Pereira, nega que qualquer crime tenha sido cometido.
© iStock
País Abuso sexual
A Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) abriu um inquérito a um docente após uma aluna estrangeira ter alegado que foi abusada sexualmente - tanto no gabinete do professor, como no apartamento dela -, e que, inclusive, ficou grávida, tendo sofrido um aborto espontâneo.
De acordo com o jornal Público, a diretora da FLUP, Fernanda Ribeiro, confirmou que, na sequência de uma queixa-crime, foi aberto um inquérito administrativo. A jovem, que terá participado o crime numa esquadra da PSP na noite de quinta-feira, dia 21 de abril, contactou, na passada terça-feira, dia 27, a direção da Faculdade a solicitar algum tipo de intervenção.
Segundo a estudante, os abusos começaram em setembro de 2021 quando solicitou a ajuda do professor para um trabalho. “Ficámos um pouco a falar. Disse-me que eu era bonita e outras coisas inapropriadas para um professor dizer a uma aluna. Colocou a mão em cima das minhas pernas, acariciou-me o busto, tocou-me nos seios. Fiquei petrificada", contou.
A aluna confessou que o professor a manipulava e "abusava da sua autoridade" para que tivessem "relações sexuais de toda natureza". Os encontros ter-se-ão repetido regularmente a pedido do docente que terá enviado um e-mail no primeiro dia em que tiveram contacto a pedir que regressasse ao seu gabinete.
A jovem relatou que o professor disse-lhe que "tinha poder" para prejudicar as suas notas e "podia fazer com que fosse expulsa da faculdade”, explicando que achou que "ele podia fazer o que quisesse" e, por isso, fez o que ele pediu. "Quando acabou, ele disse-me que aquilo ia continuar a acontecer. E que eu ia ter de concordar com tudo, se não ia sofrer as consequências", admitiu.
Em fevereiro a aluna terá engravidado e, ao informar o professor, o mesmo terá sido, pela primeira vez, violento, tendo-a empurrado e feito cair. Em Março, sofreu um aborto espontâneo, o que a fez sentir "devastada, destruída" e levou a que a situação tivesse um fim.
A estrangeira, que terá sofrido uma forte depressão na adolescência, considerou que a sua versão não seria tida em conta porque iriam pensar que seduziu o docente "para ter boas notas", bem como que seria uma história inventada. Contudo, como a depressão se agravou e teve conhecimento dos casos de assédio divulgados na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, optou por partilhar com a mãe o sucedido e deslocar-se a uma esquadra.
Defesa do docente
O advogado Augusto Ínsua Pereira respondeu às acusações feitas ao docente declarando que se trata de "uma mentira medonha" e que "não houve qualquer abuso sexual". O causídico explica, ainda, que esta situação "surge num quadro que há de ser esclarecido".
O advogado avançou ainda que o professor está doente em casa, contudo, gostaria de ser ouvido pelas autoridades "o mais depressa possível". Acrescentou também que "é uma situação delicada" pois "trata-se de uma pessoa que tem uma família e uma carreira e que se vê a braços com uma acusação que pode alterar significativamente a sua vida".
A diretora da FLUP terá esclarecido que não há mais queixas contra o mesmo professor, enquanto que a presidente da associação de estudantes, Anthéa Fernandes, revelou também não ter conhecimento de outras queixas desta natureza.
A jovem, que terá anulado a matrícula na FLUP por não conseguir estar no mesmo ambiente que o professor, planeia sair de Portugal, continuar o seu tratamento e retomar os estudos.
Leia Também: Presidente da CEP considera "descabido" falar em encobrimento de abusos
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com