Morador há 38 na casa amarela 'colada' ao armazém onde deflagrou o incêndio, Leonel Beatriz contou à Lusa ter dado conta do fogo com os gritos que vinham da rua, dos trabalhadores de uma oficina que, durante o almoço, se aperceberam do início do incêndio.
"Deviam de ser uma e meia, estava eu a almoçar com o meu sogro quando ouvi os gritos e subi ao telhado. Vi o fumo, as chamas e acabei por andar a molhar tudo no telhado", explicou, acrescentando que tem uma cozinha paredes meias com o armazém.
Três horas depois, e com o incêndio extinto, ainda se vê uma réstia de fumo a sair do espaço do armazém junto à casa como se fosse uma pequena chaminé, longe da coluna de fumo negro horas antes.
"Não caiu nada lá em casa, há um cheiro forte a fumo, não sei agora como vai ser, se dá para dormir de noite ou não", contou, à medida que os bombeiros iam subindo e descendo as escadas exteriores da vivenda amarela de dois andares, onde depositaram as duas bilhas de gás que retiraram da habitação e que Leonel Beatriz levou de volta.
Na rua A da Azinhaga da Torre do Fato era já altura de os Sapadores Bombeiros de Lisboa enrolarem as mangueiras, retirando a água acumulada, e atarem-nas com fitas para as voltarem a guardar nos carros para o regresso ao quartel.
Isabel, moradora na rua A há 20 anos, "numa das casas em frente onde começou o fogo", disse que se apercebeu do incêndio com o barulho na rua e depois de o marido ir à janela ver o que se passava.
"Normalmente estão sempre a trabalhar lá no armazém, arranjam carros", disse Isabel, que explicou também que, de início, os bombeiros não tinham onde buscar água: "as bocas de incêndio estavam secas, tiveram de ir ao Bairro da Horta Nova".
Nas traseiras do armazém, local em que o comandante dos Bombeiros Sapadores de Lisboa, Tiago Lopes, disse haver "partes de eletrodomésticos velhos", há pequenas vivendas e hortas, que escaparam às chamas.
Ruben Almeida, antigo morador da rua A foi até ao local depois do tio, David, lhe ter ligado a contar do sucedido.
"Quando cheguei, eram só pessoas a chorar e aos gritos. As casas estavam mesmo encostadas ao sítio onde o incêndio deflagrou, não sei como não foi pior", contou.
"Vi as chamas deste canto", disse David à Lusa, apontando para o canto do armazém onde terá tido início o fogo: "só se via labaredas", replicou.
Embora não sabendo como começou o incêndio, David explicou aos jornalistas que "andavam a contar que teria sido um trabalhador do 'ferro velho' que, com uma rebarbadora, terá provocado faíscas e não deu pelo incidente. Só depois quando regressaram do almoço viram as chamas que tentaram ainda apagar, mas não conseguiram".
A Lusa tentou falar com outros moradores, mas estes recusaram, visivelmente transtornados com o que tinham vivido horas antes, sendo que uma das moradores encontrava-se no carro com dois cães por ainda não querer voltar para casa.
O incêndio que deflagrou hoje ao final da manhã num armazém de pneus em Telheiras, Lisboa, provocou um ferido, por inalação de fumo, e levou à retirada de 40 pessoas das suas habitações, por precaução, segundo o comandante de os Sapadores Bombeiros.
O armazém, onde havia também eletrodomésticos usados, ficou parcialmente destruído.
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