“O saldo [do 25 de Abril] é muito positivo e a liberdade valeu bem o que se sofreu”, afirmou José Miguel Júdice, antigo bastonário da Ordem dos Advogados, em entrevista ao Diário de Notícias, no âmbito da aproximação da data.
No entanto, sustentou, a revolução de Abril de 1974 também trouxe alguns aspetos negativos, nomeadamente, “a forma como se deu cabo da economia do país, se inventaram direitos sem meios para os assegurar, se destruiu a criação de riqueza, se criou uma classe política analfabeta tantas vezes e que torrou dinheiro de forma criminosa”.
O advogado adiantou que no dia da Revolução dos Cravos se encontrava “a dar aulas na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra” e que, em consequência da mesma, foi “saneado por uma coligação de comunistas, cobardes e oportunistas, detido por uma aliança de tontos (…), demitido sem direito de defesa por um alucinado major que a loucura do tempo fez ministro da Educação”.
Quando inquirido sobre o que falta mudar, Júdice respondeu que falta “criar uma cultura de responsabilidade, de direitos com deveres”, acabando com a “cultura de medo que ainda existe”.