Ricardo Sá Fernandes, advogado do antigo ministro Manuel Pinho, diz não compreender o porquê dos seis milhões de euros exigidos ao seu constituinte como caução para não ficar em prisão domiciliária. 

Sá Fernandes sublinha que Manuel Pinho nunca tentou dissolver o património em Portugal e prova disso é o que possui. Garante ainda a defesa, que todos estes dados são "absolutamente" transparentes no processo. 

"Tem vários apartamentos no Norte do país, não sei se são quatro, se são cinco, se são três, mas é à roda disso; tem uma casa perto de Braga, que estava em obras, que é a casa para onde irá em janeiro, quando essas obras estiverem concluídas; tem a reforma que líquida são cerca de 15 mil euros, tem algumas poupanças, algum dinheiro e esse dinheiro está traduzido no processo", sublinha o advogado. 

Manuel Pinho possui ainda um apartamento em Nova Iorque detido por uma offshore, mas Sá Fernandes nega que o seu constituinte tenha qualquer dinheiro escondido em offshores.

"Não tem nenhum dinheiro em contas em offshore, só um apartamento T1 em Nova Iorque que está detido por uma offshore, mas é muito frequente que nos Estados Unidos, por razões fiscais, o património das pessoas seja detido por offshores, e esta offshore é assumidamente dele", sublinha. 

Por não compreender o porquê da caução milionária, histórica em Portugal, o advogado assume que irá recorrer da decisão do juiz Carlos Alexandre. 

Sobre a justificação para esta medida, de que há perigo de fuga, Sá Fernandes diz que a mesma não faz sentido. "Não há nenhuma razão para que agora, quase 10 anos depois do início deste processo, depois de Manuel Pinho se ter apresentado sempre que solicitado, cumprindo sempre as suas obrigações, se venha agora a concluir que há perigo de fuga."

Sá Fernandes diz, por isso, em declarações à CNN, que "se calhar, [Manuel Pinho] é uma vítima [da fuga] de João Rendeiro".

O Ministério Público, que tinha pedido a aplicação da medida de coação de prisão preventiva para o antigo ministro e a retirada do passaporte à mulher, entende que há perigo de fuga do casal uma vez que este viaja frequentemente e tem residência fixa em Espanha. Além disso, também os filhos de Manuel e Alexandra Pinho vivem no estrangeiro. 

Recorde-se que o ex-governante foi detido esta terça-feira quando compareceu no tribunal, no âmbito do caso EDP. Uma decisão que o advogado, Ricardo Sá Fernandes, considerou ser um caso de "abuso de poder" e de atropelo dos direitos humanos. 

Manuel Pinho foi constituído arguido no âmbito do caso EDP no verão de 2017, por suspeitas de corrupção e branqueamento de capitais, num processo relacionado com dinheiros provenientes do Grupo Espírito Santo.

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