Meteorologia

  • 26 ABRIL 2024
Tempo
13º
MIN 12º MÁX 17º

Associações militares não compreendem intenção de exonerar CEMA

As associações profissionais de militares dizem não compreender as razões da intenção do Governo de propor ao Presidente da República a exoneração do atual Chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Mendes Calado, deixando algumas críticas.

Associações militares não compreendem intenção de exonerar CEMA
Notícias ao Minuto

20:14 - 29/09/21 por Lusa

País CEMA

Em declarações à agência Lusa, o coronel António Mota, presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), começou por deixar "em nome pessoal e da associação, um grande abraço de solidariedade ao almirante Mendes Calado".

Confessando que a intenção do Governo de propor ao Presidente da República a exoneração em causa não o surpreendeu, o coronel apontou críticas ao poder político, estranhando que "a política esteja completamente sem escrúpulos, ainda por cima numa área extraordinariamente sensível como é a Defesa".

António Mota referiu que o almirante Mendes Calado "foi reconduzido em fevereiro" e, portanto, tinha na altura, "uma confiança reforçada".

"O que acontece daí para cá é que o almirante Mendes Calado, aliás, à semelhança do general Borrego da Força Aérea e do general Fonseca do Exército [chefes dos respetivos ramos], e muito bem (...) se opuseram às ideias estapafúrdias do senhor ministro da Defesa na reestruturação da estrutura superior das Forças Armadas", apontou, numa referência às recentes alterações à Lei de Defesa Nacional e Lei Orgânica de Bases das Forças Armadas que geraram polémica e críticas dos chefes dos três ramos.

Para o coronel, o ministro tem até demonstrado "arrogância" e "tiques autoritários para não dizer ditatoriais", considerando que Gomes Cravinho vai arranjar uma "desculpa esfarrapada" para justificar a proposta de exoneração.

Vincando que nada tem contra o vice-almirante Gouveia e Melo, o coronel apontou que "qualquer chefe do estado maior que se siga nestas condições específicas não fica bem na fotografia porque ficará sempre ligado, até de forma involuntária, a uma nomeação que aparentemente foi feita à medida".

Já o sargento Lima Coelho, presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS), disse ter recebido a notícia com "estranheza e surpresa".

"Não se percebe que um chefe militar que há pouco mais de seis meses foi reconduzido por este Governo, por este ministro, proposto ao Presidente da República a sua recondução, por ter excelentes qualidades, por ter exercido uma excelente missão (...) não se percebe o que terá passado neste tão pouco período de tempo que leve o senhor ministro a propor a demissão deste chefe militar", apontou.

Para o sargento, "é importante que se explique rigorosamente aos cidadãos o que está por detrás de tudo isto porque as Forças Armadas não podem ser alvo de arremesso político".

Também o presidente da Associação de Praças (AP), Paulo Amaral, disse ter recebido a notícia com "estupefação e com alguma estranheza também", apontando que "não é fácil" para os militares e qualquer cidadão compreender o que se passou e considerando "imperativo" que haja esclarecimentos.

"Porque estamos a falar das Forças Armadas. Com o devido respeito que me têm todas as outras instituições, estamos a falar de uma instituição que é secular, que tem como inerência principal a defesa da soberania nacional, e também de um homem [Mendes Calado] que deu uma vida inteira à causa das Forças Armadas, à instituição e à causa nacional. Não pode ser tratado desta forma leviana", sustentou.

Fazendo referência às declarações de hoje do Presidente da República sobre o assunto, Paulo Amaral aditou que "há aqui qualquer coisa que não está a bater certo", acrescentando que "as ordens quando vêm de cima têm que ser ordens claras".

Na terça-feira, fontes ligadas à Defesa Nacional disseram à agência Lusa que o Governo iria propor ao Presidente da República a exoneração do chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Mendes Calado, cargo que ocupa desde 2018, tendo sido reconduzido para mais dois anos de mandato com início em março deste ano.

Fonte próxima do processo e ligada à Defesa Nacional adiantou à Lusa que o Governo iria propor o vice-almirante Gouveia e Melo para substituir o atual chefe do Estado-Maior da Armada.

Hoje, o Presidente da República afirmou que a saída do chefe do Estado-Maior da Armada antes do fim do mandato está acertada, mas não acontecerá agora, escusando-se a adiantar qual será a data.

Leia Também: PSD quer ouvir ministro sobre saída do Chefe do Estado-Maior da Armada

Recomendados para si

;
Campo obrigatório