"Era uma pessoa com quem eu tinha uma relação não só de amizade mas de reconhecimento extraordinária, que durou ao longo de 40 anos, porque ele escreveu sobre o meu trabalho pela primeira vez em 1976 e pela última vez em 2015, e tenho-lhe um reconhecimento enorme pela forma como profissionalmente sempre me apoiou no trabalho que eu fui fazendo, sendo quem era, o que me merece um respeito enorme pela sua sabedoria, pelo seu conhecimento", recordou.
A pintora destacou, além disso, "a amizade que se foi estabelecendo, ao longo de tantos anos".
"Culminou nestes últimos dez anos, nos nossos encontros frequentíssimos no Jardim da Estrela: eu moro perto, moro naquela zona, e o professor França, quando estava em Lisboa, tinha ali o seu poiso, o seu escritório, onde se encontrava com os amigos, os discípulos -- chamava-lhe 'o grupo da Estrela' -, onde trabalhava, inclusivamente, como também aconteceu comigo, no último texto que ele fez. Foi o último texto, provavelmente, e vai ser a última coisa que ele escreveu para ser publicada e que ainda não foi lançada", indicou.
"Sobretudo, o que eu destaco é o seu olhar, o seu conhecimento, a sua capacidade de ver e a sua inteligência -- realmente, uma inteligência fulgurante e uma pessoa de exceção. Ele foi uma pessoa fundamental na História da Arte em Portugal e na cultura portuguesa", sublinhou Emília Nadal.
"Foi um homem com uma produção formidável de textos, de publicações, e era um grande professor - não foi meu professor, nunca fui sua aluna propriamente dita, mas foi professor de vida, professor de conhecimento, professor de apetência e de apreciação da cultura e do pensamento, como o dele, que era sempre tão inquieto, tão lúcido e tão informado", concluiu.
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