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"Sessão representou o fechar de uma página, mas não do processo"

Ao contrário do previsto, coube ao Presidente da República fazer uma declaração à saída da reunião desta quinta-feira no Infarmed, e não à ministra da Saúde. Marcelo assinalou a adesão do povo português à vacinação, destacando o "caráter ultraminoritário" dos "chamados negacionistas", mas deixou um aviso: "se houver circunstâncias que obriguem à imposição de restrições, serão impostas"

"Sessão representou o fechar de uma página, mas não do processo"
Notícias ao Minuto

18:10 - 16/09/21 por Tomásia Sousa com Lusa

País Presidente da República

O Presidente da República definiu a reunião desta tarde na sede do Infarmed como "o fechar de uma página, mas não do processo".

"Desde logo, foi dito que, se houver circunstâncias que obriguem à imposição de restrições, as restrições serão impostas. Vai haver uma monitorização permanente da situação. Se de repente houver agravamentos que exijam também em grau diverso tomada de medidas, serão tomadas. Isso foi dito, para que ficasse claro", realçou à saída da 23.ª sessão sobre a evolução da covid-19 em Portugal, que se realizou no Infarmed.

No final do encontro, o chefe de Estado fez notar que "o processo continua", lembrando que alguns países europeus só agora enfrentam a quarta vaga do vírus.

Por isso mesmo, afirma, a situação continuará a ser monitorizada. Esta fase consiste, por isso, em "adaptar procedimentos a uma nova fase, mas sem facilitismos".

Marcelo Rebelo de Sousa apontou como fatores a ter em conta o eventual "aparecimento de novas variantes" do vírus SARS-CoV-2, a situação dos "infetados que tiveram uma dose de vacina", se "chega não chega", e das pessoas com "idade mais elevada e que podem ter problemas de anticorpos", assim como os casos de "patologias que exigem desde já uma terceira dose".

"Sai-se com uma grande alegria, que decorre da resposta dos portugueses a este processo", afirma, quando questionado sobre o estado de espírito no final da reunião.

Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa apelou à responsabilidade dos portugueses nesta fase de início do ano letivo, mas também no Natal e na passagem de ano: "O que cada um fizer repercute-se na saúde dos outros. Não é possível separar a saúde individual da saúde pública".

Além disso, o presidente da República admitiu que, se houver circunstâncias que obriguem à imposição de restrições, elas serão impostas.

"Se de repente houver agravamentos que exigem em grau diverso a tomada de medidas, serão tomadas" 


Povo "votou a favor da vacinação com uma maioria nunca vista"

Antes, no auditório do Infarmed, em Lisboa, e após ouvir as apresentações dos especialistas, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que "é importante essa pedagogia de colocar o acento tónico na maioria esmagadora" da população, já superior a 80%, "que, não sendo forçada, aderiu, mesmo naquela parte em que poderia haver dúvidas ou resistências".

"Isto é muito impressionante e faz a diferença em relação a outros países europeus, onde os chamados negacionistas têm percentagens muito elevadas da população", considerou.

"Mais importante do que - o que é condenável em democracia - os excessos na defesa das teses negacionistas, é demonstrar o caráter ultraminoritário desse setor da opinião pública portuguesa", reforçou o chefe de Estado, observando: "Não sei se isso não tem um efeito na crispação de alguns elementos desse setor, mas é a realidade, é a realidade". 

Perante o presidente da Assembleia da República, o primeiro-ministro e representantes dos partidos com assento parlamentar, Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou: "O povo português votou, e uma forma de voto foi vacinar-se, e aqui votou com uma maioria que até agora nenhuma eleição deu a ninguém. E é bom que isso seja retido".

O Presidente da República apontou "essa resposta dos portugueses" como "chave do sucesso de todo o processo", realçando que "ninguém impôs à força" a vacinação contra a covid-19 e que "noutros países da Europa isso não foi possível ou não está a ser possível".

No seu entender, os portugueses que se vacinaram "perceberam a importância do que estava em causa" e o número de pessoas que "tinham resistência à vacinação" em Portugal foi "diminuindo, progressivamente".

"Eu conheci mesmo na minha família muitos jovens que hesitaram na vacinação, nomeadamente entre os 12 e os 16 anos, hesitaram na vacinação, hesitaram eles, hesitaram os progenitores, os pais. E mesmo os que hesitaram houve um momento em que decidiram avançar", contou, adiantando depois que convenceu netas suas a vacinarem-se.

O chefe de Estado frisou a importância da responsabilidade individual e disse que "mesmo os negacionistas mais crispados ou nervosos terão de admitir que o apelo à responsabilidade individual é um apelo também a eles, a todos".

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, neste momento, "está a existir uma preocupação de esclarecimento atempado de tudo o que podem ser as fases seguintes, ainda mais do que no passado", assim como "uma calendarização muito atenta daquilo que é preciso fazer ou não é preciso fazer na sociedade portuguesa".

"Mas a palavra final é dos portugueses. Tudo isto poderia ser assim e os portugueses não terem votado, 80 e tal por cento. Votaram, acho que é um exemplo de democracia. Seria mesmo estranho que fosse 100%, isso quereria dizer que estaríamos porventura num regime ditatorial. Mas há uns que ainda não votaram e podem votar", referiu, acrescentando: "Vão a tempo de votar".

Em Portugal, desde março de 2020, já morreram mais de 17 mil doentes com covid-19 e foram contabilizados mais de um milhão de casos de infeção com o vírus SARS-CoV-2, de acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Segundo o boletim hoje divulgado pela DGS, nas últimas 24 horas registaram-se 1.062 novos casos de infeção e seis mortes associadas à covid-19 e encontram-se atualmente internados 497 pessoas com esta doença, 103 das quais em cuidados intensivos.


[Notícia atualizada às 20h03]

Leia Também: Vacinação. "Povo votou com uma maioria que nenhuma eleição deu a ninguém"

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