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"Parece-me inexorável que o que acontece em LVT se alastre a todo o país"

O autarca do Porto, Rui Moreira, criticou a gestão da pandemia por parte do Governo e da Direção-Geral de Saúde, apontado o dedo às medidas que já foram tomadas em Lisboa.

"Parece-me inexorável que o que acontece em LVT se alastre a todo o país"
Notícias ao Minuto

23:59 - 30/06/21 por Melissa Lopes

País Rui Moreira

Rui Moreira afirmou esta quarta-feira, em entrevista à RTP3, que o agravamento da pandemia na região Norte o "surpreende um pouco", uma vez que "há alguns dias" a situação estava a melhorar e, de repente, "piora". No entanto, vê como expectável que o cenário que se verifica em Lisboa e Vale do Tejo (LVT) se "alastre" a todo o país. 

"Parece-me inexorável que aquilo que acontece em Lisboa e Vale do Tejo e no Algarve se alastre a todo o país. A mobilidade é óbvia. O país é pequeno e há livre circulação, é normal que a situação alastre", disse o autarca do Porto, acrescentando que há também outros países da Europa a começar a ter  "sinais preocupantes". É o caso de França que se prepara para novo pico em outubro.

Apesar de o aumento das infeções pelo SARS-CoV-2, sobretudo devido à variante Delta - inicialmente descoberta na Índia, Rui Moreira aponta que já era de esperar um agravamento da pandemia, "não podendo a vacinação acompanhar o ritmo do desconfinamento". Acresce a isso que a pandemia já nos ensinou que "temos de estar preparados" para várias ondas, "cada vez que há uma nova variante". 

"A boa notícia é que os mais velhos estão protegidos pela vacina e , apesar de tudo, não podemos ligar os números aos efeitos que houve em fases críticas, como por exemplo em janeiro", considerou. 

Concretamente sobre a situação a Norte, o autarca do Porto disse não existirem dados que sugiram que a final da Liga dos Campeões tenha estado na origem do aumento de casos. E justificou porquê.

"Há dois fatores que podemos evocar: um deles a testagem aos polícias  que tiveram a acompanhar os adeptos ingleses, em que não houve casos. A ARS-Norte fez testes às pessoas que estiveram a fazer serviço de hotelaria aos ingleses e não houve nenhum caso", enumerou, distinguindo os adeptos ingleses que vieram ao jogo propriamente dito e os restantes turistas que decidiram visitar a cidade depois de Portugal ter aberto fronteiras aos cidadãos do Reino Unido. 

E sobre as declarações de Angela Merkel sobre a final da Liga dos Campeões, Rui Moreira respondeu: "A chanceler Merkel provavelmente assistiu àquilo que eu assisti há cinco dias atrás, em Munique. Chegaram os adeptos húngaros para ver um jogo da seleção. Entraram muitos milhares (...) sem máscaras", deixando uma pergunta: "Se amanhã aparecer a variante y, espero que não, será que a senhora Merkel vai dizer que o estado da Baviera esteve mal?".

O autarca até entende ser "compreensível" que os governos atribuam culpas uns aos outros, mas considera que isso é "um mau sintoma do que se tornou a Europa". Lembrou por isso que a pandemia é "um problema que temos de travar em conjunto". Na ótica de Rui Moreira, "reduzir e travar a mobilidade já percebemos que não funciona muito bem". E deu o exemplo das restrições aplicadas na Grande Lisboa aos fins de semana. "Toda a gente saiu o que lhe apeteceu sair", atirou. 

Ainda sobre Lisboa, o autarca afirmou que os ajuntamentos têm acontecido na cidade quase todas as noites. "São estudantes que lá se juntam. Os jovens sentem-se imortais e acham que a pandemia não pesa tanto sobre eles", afirmou, considerando "normal" esse comportamento ao fim de mais de um ano. 

Nesta entrevista a Vítor Gonçalves, Rui Moreira apontou ainda críticas à forma como a Direção-Geral de Saúde e o Governo têm gerido a pandemia.

"Ao contrário do que sucede noutros países, em que são dadas competências às entidades regionais , ou às cidades, em Portugal a decisão é tomada em função de pareceres técnicos e o Governo anuncia", apontou, considerando que esta gestão e maneira de atuar "tem corrido muito mal".

Além disso, "as medidas que tem sido aplicadas, se voltar a haver um retrocesso no confinamento, vão voltar a ser as erradas como estão a ser em Lisboa". Rui Moreira disse discordar das restrições horárias dos supermercados e dos restaurantes, por exemplo.

"Nunca consegui perceber estas decisões das autoridades de saúde que não fazem sentido. Sou absolutamente contra essas medidas. São medidas com caráter punitivo. O vírus sai à rua às 22h30, é isso?". No entender do autarca, esta forma de lidar com a pandemia "causa erosão na autoridade do Estado".

"Num Estado democrático, o Estado só pode exercer autoridade desde que os cidadãos se sintam cúmplices dessa autoridade", observou. 

Leia Também: AO MINUTO: DGS responde a Marcelo; Delta impede fim de regras em França

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