Amigos da Ria de Aveiro apontam dedo às pecuárias da Murtosa na poluição
O Movimento de Amigos da Ria de Aveiro (MARIA) considerou hoje urgente impedir as explorações agropecuárias da Murtosa de lançar efluentes nas linhas de água que desaguam na Ria.
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País Poluição
Em comunicado, aquele movimento refere um esclarecimento da empresa Águas do Centro Litoral (ADCL) para concluir que a poluição da Ria, que levou à interdição da apanha de bivalves entre a Ponte da Varela e a Barra de Aveiro, é causada por descargas das explorações agrícolas e pecuárias.
"Com o esclarecimento da ADCL, ficam mais evidentes algumas preocupações já partilhadas pelo MARIA acerca da necessidade de se encontrarem urgentemente soluções, que evitem e impeçam a atividade agrícola e agropecuária do concelho da Murtosa de lançar efluentes não tratados em valas e linhas de água, que depois acabam por ser conduzidos para a Ria de Aveiro", refere o movimento.
Em carta enviada ao MARIA, a empresa Águas do Centro Litoral (ADCL) "declina qualquer responsabilidade pelo lançamento nas águas da Ria de Aveiro de efluentes não tratados provenientes das redes de saneamento doméstico e industrial do concelho da Murtosa (...)".
No esclarecimento, o presidente do conselho de administração da ADCL, Alexandre Oliveira Tavares, indica que a Estação Elevatória da Murtosa (EEN10) "não possui descarregador de emergência, pelo que todo o efluente que chega à infraestrutura é bombeado para jusante, até à Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Cacia".
A carta de Alexandre Tavares, dada hoje a conhecer pelo MARIA, surge em resposta ao pedido de esclarecimentos daquele movimento, feito após o presidente da Câmara da Murtosa, Joaquim Batista, ter referido haver "transbordo das estações elevatórias para linhas de água, atravessando estruturas urbanas e periurbanas" por alegada "incapacidade da empresa para transportar os efluentes" com origem na Murtosa.
Face a essas declarações, a ADCL informou que "procurará nas próximas semanas reunir com o município da Murtosa e com a Águas da Região de Aveiro (Adra) para equacionar soluções, de forma a contribuir para as melhores condições ambientais da Ria", refere a carta enviada ao MARIA pelo presidente do conselho de administração da empresa.
Em março, na sequência da presença de uma bactéria de origem fecal nas águas da Ria de Aveiro, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) suspendeu as capturas de algumas espécies de bivalves, na maior e mais produtiva zona de pesca da Ria (RIAV1), delimitada, a Norte, pela Ponte da Varela, no concelho da Murtosa, e, a Sul, pela Barra de Aveiro, no concelho de Ílhavo.
Na altura dos acontecimentos, o Movimento de Amigos da Ria de Aveiro e a Associação da Pesca Artesanal da Região de Aveiro (APARA) tomaram uma posição pública de repúdio pelo lançamento nas águas da Ria de efluentes não tratados, exigindo a punição dos prevaricadores e medidas para acabar com a poluição.
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