"Os cobardes que me acusam fiquem a saber: Não me intimidam"
Sócrates já chegou ao tribunal onde vai assistir à leitura da decisão instrutória.
© Reuters
País Operação Marquês
"Venho aqui porque não está no meu temperamento ficar em casa quando alguma coisa de tão importante se decide e me diz respeito (...) Em segundo lugar, venho para assinalar um momento importante na justiça portuguesa", declarou José Sócrates aos jornalistas à chegada ao tribunal, onde vai ficar a saber se vai a julgamento e por que crimes.
Esta é "a primeira vez, durante o processo Marquês, que um tribunal decide comunicar diretamente aos interessados uma decisão e não comunicá-la através dos jornalistas".
O ex-primeiro-ministro disse ser a "primeira vez que um tribunal tenta dignificar a justiça".
José Sócrates acrescentou que vinha também para "denunciar aquilo que é, ou que tem sido, uma obscena campanha mediática que tem como objetivo condicionar o tribunal e condicionar a liberdade".
"Ao longo destes meses, o jornalismo português, por influência do MP, tentou condicionar a decisão do tribunal (...) Fê-lo com o silêncio de todas as instituições", acusou José Sócrates, detalhando que, ao longo dos últimos meses, o juiz foi "acusado de ser o juiz dos poderosos, o juiz dos amigos do Sócrates".
"Acontece que nunca em nenhuma instituição - daquelas a quem compete defender a liberdade dos tribunais e dos juízes - teve a mínima intervenção". "Foram cúmplices do silêncio", atirou. "Além do mais, é absolutamente extraordinário, diria até absolutamente inaceitável, que o presidente do Conselho Superior de Magistratura tenha permitido fazer considerações públicas".
Sócrates prosseguiu dizendo que o órgão a quem compete defender a independência dos tribunais "teve um comportamento inaceitável: pronunciou-se sobre matérias em discussão no processo Marquês, ainda ontem deu uma entrevista tentando desvalorizar a fase da instrução pública, dizendo que a instrução se tornou num pré-julgamento".
Terminando a declaração, e sem querer responder às perguntas dos jornalistas, Sócrates atirou: "Todos esses cobardes que me acusam, me agridem e me tentam fazer condenações sem julgamento, todos esses cobardes que me insultam nos jornais todos os dias, fiquem a saber que não me intimidam, aqui estou para lutar pela minha inocência".
O ex-primeiro ministro José Sócrates, de 63 anos, está acusado desde 2017, na Operação Marquês, de 31 crimes de corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal, num processo com 28 arguidos e que já dura há sete anos.
A leitura da decisão instrutória do juiz Ivo Rosa, que determinará quais são os arguidos que vão a julgamento e por que crimes, será conhecida esta tarde.
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