“Combate à corrupção deve começar no PM até à pessoa menos relevante"
Juiz desembargador do Tribunal de Relação do Porto defende que a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção “não foi suficiente”.
© Facebook / Manuel Ramos Soares
País Corrupção
O juiz desembargador do Tribunal da Relação do Porto, Manuel Ramos Soares, afirmou, esta segunda-feira, numa entrevista dada a Miguel Sousa Tavares, na TVI, que a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção “não foi suficiente” porque a existe corrupção onde há dinheiro e não só na função pública.
“Há corrupção onde há dinheiro. Esta é a perceção e eu diria que é uma afirmação de senso comum. Nos negócios, nas atividades onde se movimenta dinheiro e onde as pessoas têm possibilidade de tomar decisões com impacto financeiro. Esse é o campo propício para a corrupção”, começou por explicar, acrescentando que o combate não pode focar-se apenas da função pública, deve também investigar casos ao nível dos decisores políticos.
“Nós temos muitos processos de fenómenos de natureza corruptiva nas autarquias e, por isso, a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção nessa parte não foi suficiente. Olhou para o problema da corrupção como se fosse um problema de funcionários públicos e o fenómeno da corrupção pode ter essa dimensão, mas também pode haver corrupção a nível dos decisores políticos e a nível autárquico”, esclareceu.
Por essa razão, o também presidente da Associação Sindical dos Juízes defende que “o combate à corrupção deve começar no primeiro-ministro e ir até à pessoa menos relevante numa cadeia de funcionamento do Estado, por exemplo, ou de uma autarquia, passando também pelos juízes e procuradores”.
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