Ensino à distância? "Devemos estar preocupados"
Após a reunião com o ministério da Educação, e a poucos dias de ser retomado o ensino à distância, a Fenprof salientou que muitos dos problemas verificados no ano passado continuam a existir. Por isso, considera, há razões para estarmos "preocupados".
© Global Imagens
País Mário Nogueira
A Fenprof esteve reunida, esta terça-feira, com o Ministério da Educação para discutir o regresso do ensino à distância, que vai ocorrer na próxima segunda-feira, dia 8 de fevereiro.
Após o encontro, o secretário-geral da federação, Mário Nogueira, salientou que muitos dos problemas verificados no ano passado, durante o primeiro confinamento, continuam a existir e que isso deve ser motivo de preocupação para pais, alunos, docentes e decisores políticos.
"Penso que devemos estar preocupados, todos sabemos o que aconteceu no ano passado, a falta de equipamento para professores e crianças, [e] quase tudo se mantém", destacou, admitindo preocupação com o aumento das desigualdades e das dificuldades de aprendizagem que o ensino à distância pode gerar.
"O Ministério da Educação, enquanto entidade empregadora, tem de colocar à disposição de quem está em teletrabalho os equipamentos e tem de pagar as despesas inerentes ao trabalho que é realizado, porque é realizado em casa", afirmou.
No entanto, o secretário-geral da Fenprof adiantou que a tutela "confirmou aquilo que já todos sabíamos, que é a impossibilidade de o fazer".
"Aquilo que percebemos da parte do Ministério da Educação é que, nas situações de carência, os professores terão quanto muito de tentar que as escolas lhes possam ceder [os equipamentos] ou deslocar-se até às escolas", relatou.
Além da falta de equipamentos "e condições", que Mário Nogueira garantiu que ainda não foram disponibilizados a muitos professores e crianças ou jovens, durante o encontro de hoje foi debatida também a falta de apoio aos docentes com filhos menores de 12 anos.
Esse apoio, explicou, será provavelmente traduzido na possibilidade de os professores recorrerem às escolas de referência para acolhimento, que se vão manter abertas para receber os filhos de trabalhadores de serviços essenciais.
Atualmente, essa opção não está disponível para os professores, por não constituírem trabalhadores de serviços essenciais, mas a estrutura sindical acredita que o problema é facilmente resolvido.
"Os problemas jurídicos são os de mais fácil solução, é uma questão de fazer uma lei adequada. Esperemos que esta semana isso fique resolvido", sublinhou o dirigente sindical.
Outro dos pontos em discussão, na reunião de hoje, foi a necessidade de dar a alguns professores prioridade na vacinação.
"Há professores que se mantém nas escolas devido a casos de alunos com necessidades educativas especiais, professores que estão no domiciliário a dar apoio a crianças de risco. Mantendo-se esses professores em trabalho presencial, estes devem ser prioritários na vacinação", defendeu o líder da Fenprof.
Em entrevista à SIC Notícias, Mário Nogueira revelou que nenhum dos secretários de Estado presentes na reunião de hoje argumentou contra estas necessidades. "Houve o reconhecimento destes problemas e a necessidade de ser dada uma resposta urgente a estes problemas. Esperamos que no próximo Conselho de Ministros isso seja resolvido", disse.
Antes de terminar a sua intervenção, o líder da Fenprof contou que o Ministério da Educação "finalmente" vai "cumprir a sentença do Tribunal Administrativo de Lisboa e, nos próximos dias, irá disponibilizar a lista de escolas onde houve casos de Covid e os planos adotados pelas mesmas".
Recorde-se que o ensino a distância vai ser retomado na segunda-feira, dia 8 de fevereiro, depois de duas semanas em que a atividade letiva foi suspensa para conter a propagação do SARS-Cov-2 e as aulas irão compensar o tempo de paragem com três dias no carnaval, dois na interrupção letiva da Páscoa e seis dias no final do terceiro período.
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