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União Europeia deveria ter aprovado vacinas "bastante mais cedo"

O economista Ricardo Reis criticou hoje a atuação da Comissão Europeia no que diz respeito à compra e distribuição das vacinas contra a covid-19, considerando que deveriam ter sido aprovadas "bastante mais cedo".

União Europeia deveria ter aprovado vacinas "bastante mais cedo"
Notícias ao Minuto

21:02 - 28/01/21 por Lusa

País Covid-19

Ricardo Reis, professor de economia da London School of Economics que participava num webinar sobre a pandemia e a recuperação económica, comparou a fase do processo de vacinação da União Europeia com as de Israel e Reino Unido, países onde "já se vê a luz ao fundo do túnel" no combate à pandemia de covid-19.

Para o economista, em Portugal parece ainda haver muitas dúvidas em relação à vacina contra a covid-19, "porque poucas pessoas foram vacinadas até agora", dando como exemplo o caso israelita, "onde já quase 20% da população ou mais foi vacinada".

Neste sentido, Ricardo Reis considerou que "a União Europeia não tem estado à altura, no último mês, no que diz respeito à distribuição das vacinas", lamentando que a Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) tenha sido "das últimas agências de medicamentos a aprovar a vacina".

Para o economista, "a aprovação da vacina deveria ter vindo bastante mais cedo, talvez até a tempo de evitar esta nova vaga" da pandemia de covid-19.

"Talvez seja falha dos especialistas, porque não usaram os pesos certos que, às tantas, as sociedades queriam que usassem nos prós e contras de aceitar uma vacina menos eficaz ou mais defeituosa, mas mais cedo", ponderou, acrescentando que este "atraso em relação à vacina teve consequência importantes", criticando assim a posição da Comissão Europeia.

Além do atraso na aprovação das vacinas contra a covid-19, o economista Ricardo Reis considerou ainda que a "Comissão Europeia, na sua tentativa de criar um sistema justo para todos os países, quis poupar algum dinheiro pedindo menos vacinas".

Lembrando novamente o caso britânico, o professor referiu que o Reino Unido "encomendou o dobrou ou quase o triplo das vacinas de que precisa", já com o intuito de enviar as que sobrarem "como ajuda externa para países emergentes".

"A União Europeia não fez isso, comprou menos. Enquanto no Reino Unido há vacinas suficientes, só não há ainda a capacidade de Israel de as distribuírem rapidamente, na União Europeia não há neste momento vacinas suficientes", apontou.

Ricardo Reis trouxe ainda para debate a "disparidade" na distribuição das vacinas contra a covid-19, lembrando que, segundo a Organização Mundial da Saúde, os "países riscos já administraram 39 milhões de vacinas", enquanto "nos países pobres, foram administradas 25 vacinas".

"Mais cedo ou mais tarde, temos de perceber que, nestas questões das pandemias, uma doença só esta erradicada quando toda a população tem imunidade de grupo", sublinhou, lembrando a necessidade de se vacinar também as populações mais carentes.

O economista identificou ainda uma outra questão relacionada com a recessão económica provocada pela pandemia de covid-19, que está a atingir "sobretudo as mulheres que trabalham em serviços de atendimento ao público".

"Normalmente, as mulheres sofrem menos [com as consequências das recessões], desta vez são as que estão a sofrer mais", ao contrário do que acontece "numa recessão normal", em que "quem sofre mais em termos de perda de rendimentos são homens de meia idade que trabalham no setor da construção", notou.

Ricardo Reis falava numa conferência digital organizada pelo Centro de Administração de Políticas Públicas (CAPP), a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa, sendo que esta foi a primeira sessão do ciclo de webinars "Presidência Portuguesa: Pandemia e Recuperação Económica", dedicada ao tema "Europa Resiliente: Pandemia e Recuperação Económica".

Além do professor de economia da London School of Economics, esta primeira sessão contou ainda com Constantino Sakellarides, especialista de Saúde Pública, e Ricardo G. Rodrigues, especialista em Economia Pública, que atuou como moderador do debate.

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