Meteorologia

  • 23 ABRIL 2024
Tempo
22º
MIN 13º MÁX 24º

"Interessa-me menos o que fazem no quarto do que se são gente decente"

O comediante e cronista Ricardo Araújo Pereira dedica esta quinta-feira, o espaço de opinião que assina semanalmente na revista Visão, à questão do referendo sobre a coadoção e adoção por casais do mesmo sexo, esclarecendo que é “mais exigente do que o Estado no que toca a confiar a guarda de crianças”, pelo que está “muito menos” interessado no “que fazem no quarto do que se são gente decente”.

"Interessa-me menos o que fazem no quarto do que se são gente decente"
Notícias ao Minuto

14:28 - 30/01/14 por Ana Lemos

País Ricardo Araújo Pereira

“O meu tio Alfredo era, para sermos rigorosos, um energúmeno. Embebedava-se, batia na minha tia e maltratava os filhos. (…) No entanto, praticava o tipo de sexualidade que Deus recomenda na Bíblia, pelo que, aos olhos da lei, tinha todas as condições para educar uma criança”, começa por escrever Ricardo Araújo Pereira, no artigo ‘Aviso por causa da moral’ que hoje assina na revista Visão.

O “tio Alfredo” serve de exemplo para o comediante e cronista explicar que apesar do dito parente reunir, “aos olhos da lei, todas as condições para educar uma criança”, não educaria as suas filhas porque é “mais exigente do que o Estado português no que toca a confiar a guarda de crianças a outras pessoas: "Interessa-me muito menos o que fazem no quarto do que se são gente decente”.

Este tema serve de mote para Ricardo Araújo Pereira esclarecer outra questão, que há algumas semanas invadiu as redes sociais e que envolvia uma declaração do próprio, “há uns cinco ou seis anos”, a “uma jornalista do Jornal de Notícias”, que o questionou sobre se “preferia que as filhas fossem lésbicas ou sportinguistas”.

“Confesso que já não recordo o contexto histórico em que a questão foi colocada (…) lembro-me, isso sim, de achar que a pergunta era, digamos, parva”, porque, explica, “pressupunha que aquelas alternativas constituíam os dois destinos mais horrorosos que os nossos filhos podem ter quando, na verdade, são apenas uma característica pessoal normalíssima (no caso do lesbianismo) e uma opção irrefletida (no caso do sportinguismo)”.

Motivo pelo qual, prossegue, “respondi que preferia que as miúdas fossem lésbicas, uma vez que a homossexualidade não é defeito. Como pai, preocupo-me sobretudo com a felicidade das minhas filhas, e sei que a orientação sexual não impede ninguém de ter uma vida feliz. Já quanto ao sportinguismo, não tenho a certeza”.

Ainda assim, “mesmo quanto ao sportinguismo, devo dizer que tenho muitos amigos sportinguistas, e estou firmemente convencido de que eles devem poder casar entre si e até adotar crianças. Fica o esclarecimento”, escreve Ricardo Araújo Pereira, numa clara referência à questão do referendo à coadoção e adoção por casais homossexuais.

Feito o esclarecimento, o humorista remata o tema da sua crónica, afirmando, de forma sarcástica, ser “a favor do referendo”, e vai ainda mais longe, sugerindo que “devia haver um referendo à coadoção por casais de todos os tipos”.

“Se (…) as preferências sexuais dos pais interferem na educação de uma criança. Os cidadãos não devem ficar só pela rama, e descobrir apenas se os pais apreciam manter relações sexuais com elementos do mesmo sexo, ou de sexos diferentes. Precisamos de saber exatamente de que tipo de sexo estamos a falar, com que frequência ocorre, em que locais, quanto tempo dura, e que género de expressões os membros do casal gritam um ao outro”, ironiza.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório