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Pedrógão Grande: Ex-coordenador defende apoio às segundas habitações

O ex-coordenador da Unidade de Missão para a Valorização do Interior (UMVI) defendeu hoje que o apoio às segundas habitações afetadas pelos incêndios de 2017 "era da mais elementar justiça", explicando que o "clima de suspeição" dificultou o processo.

Pedrógão Grande: Ex-coordenador defende apoio às segundas habitações
Notícias ao Minuto

22:31 - 12/01/21 por Lusa

País Pedrógão Grande

"Houve, efetivamente, algumas injustiças no facto de haver manifestamente segundas habitações que mereciam ser apoiadas, porque aquelas pessoas vivem praticamente no território, mas não tinham lá a residência", declarou o ex-coordenador da UMVI João Paulo Catarino, no âmbito de uma audição na comissão eventual de inquérito parlamentar à atuação do Estado na atribuição de apoios na sequência dos incêndios de 2017 na zona do Pinhal Interior.

Na perspetiva de João Paulo Catarino, "50% das segundas habitações era da mais elementar justiça" que fossem recuperadas, mas depois de "todo o alarido" na atribuição dos apoios à reconstrução das casas, através do fundo Revita, "não havia ninguém que quisesse atestar" quais as segundas habitações que deviam ser apoiadas.

Quanto à reconstrução das casas de primeira habitação, o ex-coordenador da UMVI disse que "provavelmente serão 5% das casas ou pouco mais de 5% das casas que estão em avaliação e que estão a ser investigadas" por suspeitas de apoio indevido.

"Não podemos tratar o todo por uma exceção", defendeu João Paulo Catarino, criticando a "triste campanha mediática" que transformou algumas vítimas em criminosos.

No âmbito do fundo Revita, criado pelo Governo para gerir os donativos de apoio às populações e à revitalização das áreas afetadas pelos incêndios de junho de 2017, o papel da UMVI foi de coordenação logística de apetrechamento das casas e de reporte permanente à tutela quanto ao desenvolvimento do processo, referiu o ex-coordenador.

O fundo Revita ficou responsável pela reabilitação de 99 casas de primeira habitação, das quais 88 estão concluídas, seis em execução e cinco estão suspensas por questões judiciais.

Quanto ao apoio aos agricultores afetados pelos incêndios, com prejuízos até 5.000 euros, o fundo Revita concedeu subsídios a 1.131 produtores agrícolas, "no valor total de 3.442.967,76 euros", revelou João Paulo Catarino.

Questionado pelos deputados, o ex-coordenador da UMVI indicou que a ideia inicial era que todos os apoios aos agricultores seriam através do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR), mas a "burocracia associada" às candidaturas fez com que o Governo criasse um mecanismo através no fundo Revita.

Neste sentido, João Paulo Catarino assegurou que "até aos 5.000 euros, toda a despesa apresentada pelos agricultores foi paga a 100%", ressalvando que os apoios agrícolas, através do fundo Revita, não foram pagos na sua totalidade pelos donativos, uma vez foram alocados 2,5 milhões de euros do Orçamento do Estado.

Para o deputado do PSD Hugo Oliveira, as respostas do ex-coordenador da UMVI não coincidem com a informação prestada pelo ex-ministro da Agricultura Capoulas Santos.

Em 16 de dezembro de 2020, Capoulas Santos rejeitou a ideia de que houve agricultores a candidatarem-se à medida simplificada de apoio para prejuízos até 5.000 euros, porque apesar dos prejuízos serem superiores a esse valor, não tinham capacidade para elaborar um processo de candidatura ao regime de aplicação do apoio 6.2.2. - Restabelecimento do potencial produtivo, através do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR).

"Uma situação absolutamente absurda, porque não acredito que alguém que esteja carente de receber o apoio financeiro não esteja disponível para fazer o esforço mínimo de ir a um gabinete de projeto e pedir para lhe fazer uma candidatura", sustentou o ex-ministro da Agricultura, indicando que o custo da elaboração da candidatura era financiado a 100%.

Sobre a opção de usar o instrumento financeiro do PDR, o ex-ministro defendeu que "compete a qualquer governante fazer uma boa gestão dos dinheiros públicos", explicando que a medida comunitária é financiada a 85%, ou seja, em cada 1.000 euros a União Europeia dá 850 euros ao Estado português.

O incêndio que deflagrou em 17 de junho de 2017 em Escalos Fundeiros, no concelho de Pedrógão Grande, e que alastrou depois a municípios vizinhos, nos distritos de Leiria, Coimbra e Castelo Branco, provocou 66 mortos e 253 feridos, sete deles com gravidade, e destruiu cerca de 500 casas, 261 das quais eram habitações permanentes, e 50 empresas.

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