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Mais de um quarto dos doentes mantêm sintomas meses após recuperação

Cerca de 25% a 30% das pessoas que tiveram covid-19 mantêm sintomas além de oito meses após a recuperação, o que transforma esta doença numa patologia crónica, segundo um estudo divulgado hoje pelo epidemiologista Henrique Barros.

Mais de um quarto dos doentes mantêm sintomas meses após recuperação
Notícias ao Minuto

16:55 - 12/01/21 por Lusa

País Covid-19

O inquérito, que foi apresentado na reunião no Infarmed sobre a "Situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal", envolveu uma amostra de quase 2.000 mil doentes seguidos no Centro Hospitalar de São João no Porto, dos quais cerca de 20% foram internados e os outros foram seguidos sempre em ambulatório.

Foi possível falar, 6 a 9 meses depois, com 62% destes doentes identificados desde o primeiro dia da infeção até 18 de maio, disse Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto,

Quando lhes foi questionado qual foi o maior desafio que sentiram depois da infeção, afirmaram que foi o isolamento, foi o ultrapassar da doença, foi o afastamento da família, a ansiedade, além dos problemas relacionados com incerteza do futuro e as dificuldades financeiras.

"Isso significa que as pessoas valorizam a doença e têm medo da doença. Tinham medo da morte, tinham medo de infetar os outros e tinham medo das sequelas e as sequelas existem", salientou o investigador.

À pergunta se desde o período em que foi considerado recuperado o doente continuou a sentir-se afetado por problemas de saúde, pelo menos, 60% disseram manter problemas numa proporção muito alta.

"Queixas de depressão, cefaleias, tonturas, palpitações e as conhecidas alterações do olfato e do paladar mantêm-se durante muito tempo e afetavam praticamente 18% destas quase 1.200 pessoas que inquirimos".

Por último, foi perguntado se desde o início da infeção - e estes doentes eram praticamente todos sintomáticos porque na altura não se faziam testes a assintomáticos - quantos dias esteve com sintomas e quando eles "finalmente apareceram".

O estudo concluiu que "cerca de 25% a 30% das pessoas mantêm sintomas para lá dos oito, nove meses. Isto é, o covid-19 transforma-se se numa doença crónica", disse Henrique Barros.

"Um pouco mais no sexo feminino do masculino, um pouco mais nas idades intermédias do que nas idades extremas", referiu.

O epidemiologista alertou que vão encontrar-se muitas pessoas com sintomas no futuro que nunca souberam que estiveram infetadas.

"Se não lhe fizermos, por exemplo, o teste de anticorpos não vamos saber que ela tem essa história no seu passado. Por isso eu atrevo-me a dizer que é preciso manter estes milhares e milhares de pessoas sob observação", defendeu.

Por outro lado, "os serviços de saúde têm que as considerar como consideram os doentes não-covid, porque já não têm essa infeção, mas a infeção foi um gatilho de um problema que vai afetar muita gente no futuro.

"E se isso significa que temos que estar muito atentos e muito seguros na prevenção da infeção, também significa que temos que estar muito atentos e muito seguros no acompanhamento das pessoas e na atenção às pessoas", declarou.

Alertou ainda que quando se estão a observar 10 mil casos por dia provavelmente estarão a ocorrer 30 mil, defendendo que é preciso continuar "a fazer muitos testes fazer, o mais possível".

Portugal ultrapassou hoje as 8.000 mortes relacionadas com a covid-19 desde o início da pandemia ao ter registado nas últimas 24 horas mais 155 mortos, o valor diário mais elevado de sempre, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).

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