A encerrar a conferência da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta terça-feira, a última deste ano, Graça Freitas fez um balanço do ano que está prestes a terminar e que é "comum a todos nós".
Por um lado, "foi um ano negativo na vida da humanidade. É, se calhar, o maior desafio coletivo que nós já passamos desde sempre", considerou, sublinhando que "a globalização permitiu que esta pandemia tivesse uma expressão que outras pandemias não tiveram".
"O meu balanço é extremamente negativo. Surgiu um novo vírus, esse vírus passou a barreira das espécies, infetou humanos, provocando doença, internamentos e morte, (...) provocou dano à sociedade e, além disso, causou impacto económico e social na vida de todos nós", resumiu.
Todavia, Graça Freitas destacou também "o outro lado deste ano extremamente negativo" que foi "a capacidade que os países tiveram de reagir, com medidas adequadas para minimizar o impacto do vírus", dando como exemplo o caso de Portugal.
"Devemos estar bastante orgulhosos porque fomos tomando as medidas necessárias com o que sabíamos na data. Ainda há muitas incertezas [em relação ao vírus]. Mas há um ano havia muitas mais. Portugal esteve à altura do seu desafio", elogiou.
A responsável pela autoridade de saúde recordou que o país teve uma primeira fase de contenção "bastante organizada", "depois o vírus continuou a sua dinâmica, teve um desenvolvimento comunitário intenso, entramos na fase de mitigação, conseguimos dar resposta às situações necessárias", reconhecendo que há alturas, no decorrer de uma pandemia, em que as doenças não-covid-19 que não sejam prioritárias sofrem alguma menor atenção.
Assim, "as palavras que aqui deixo são de confiança e de esperança. Temos de manter a confiança uns nos outros, nos sistemas de saúde e na sociedade", disse Graça Freitas, considerando que com a vacina se abre a esperança de erradicar o SARS-CoV-2, tal como já aconteceu com outros vírus. "A humanidade conseguiu erradicar, em 1980, um vírus altamente letal (varíola), estamos em vias de erradicar um outro vírus que causava paralisia infantil (poliomielite)".
Para 2021, a diretora-geral da Saúde pede "esperança na vacinação, nos nossos comportamentos e na capacidade de reorganização da sociedade", sabendo, contudo, que o novo ano "vai ser um ano difícil e que a este se seguirão outros ainda difíceis".
"Não é de um dia para o outro que se recupera de uma pandemia que teve esta magnitude, esta transcendência social e económica. Foi uma pandemia muito intensa. foi, está a ser e ainda será", rematou.
A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.775.272 mortos resultantes de mais de 81,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 6.751 pessoas dos 400.002 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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