Primeiro a falta de neve e depois a pandemia da covid-19 impediram a FDIP de organizar os campeonatos nacionais de esqui e de snowboard, pelo que, sem galardões para atribuir, a direção decidiu que o valor habitualmente gasto na gala anual seria destinada a uma ação social na cidade onde a federação tem a sede, a Covilhã.

Com a parceria do Moto Clube Lobos da Neve e do Movimento Cidadania Ativa, que alia as Conferências Vicentinas, a Re-food e as paróquias, com outras entidades que se juntaram, cerca de 50 voluntários vão estar envolvidos na preparação, confeção e distribuição de 567 refeições na véspera de Natal a 299 famílias.

O presidente da FDIP, Pedro Farromba, prevê que o número do "Natal em Casa" aumente para cerca de 600, com a inclusão de alunos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), a frequentarem a Universidade da Beira Interior, que vão passar a ceia de Natal longe das famílias.

"Este ano, fruto das contingências da pandemia, não pudemos realizar os campeonatos nacionais da época passada e, não fazendo a gala, que no fundo serve para a entrega dos títulos da época anterior e de lançamento da seguinte, decidimos que iríamos utilizar a verba numa ação solidária", disse à Lusa Pedro Farromba.

Na terça-feira, começam a ser descascados os 200 quilogramas de batatas, 100 de cebolas e outros preparativos. Quarta-feira é dia de cozinhar e na manhã de dia 24, uma caravana de Pais Natais, em cima de motos, percorre as principais ruas da Covilhã, para levar as refeições onde os beneficiários do Movimento Cidadania Ativa as podem levantar.

Começou por se pensar em distribuir um prato de bacalhau tradicional. Os dois cozinheiros envolvidos, Vítor Paiva e Paula Santos, por ser mais fácil para embalar e para aquecer, sugeriram substituir por bacalhau à Gomes de Sá.

"A união de vontades" e "o surgimento de novas ideias" levaram a que se acrescentasse nas embalagens recicladas um caldo verde e um bolo-rei, além da distribuição de brinquedos às famílias com filhos.

Pedro Farromba considera ter-se criado "um movimento muito interessante de voluntários com o propósito de tentar fazer o Natal destas pessoas mais feliz".

O presidente da FDIP diz-se "chocado" com a quantidade de pessoas a precisar deste apoio regular e, perante a perspetiva de "o ano que vem ser difícil para tanta gente", admite a possibilidade de a iniciativa passar a repetir-se.

"Daqui para a frente, se calhar, faz sentido continuar. Pode ser o nosso contributo para a cidade que acolhe a sede da federação e um pequeno contributo para aqueles que estão a precisar, na medida das nossas possibilidades", antecipa Pedro Farromba.

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