Em entrevista à Rádio Renascença, ao programa ‘Terça à noite”’ o antigo PGR disse que não ouviu a escuta, que enviou para o Supremo Tribunal de Justiça, sobre um telefonema entre o chefe do Governo, Pedro Passos Coelho, e um dos envolvidos no caso ‘Monte Branco’ um processo de uma rede de branqueamento de capitais e fraude fiscal.
Pinto Monteiro justifica que não teve tempo e que fez “fé na directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP)”, Cândida Almeida, de que as escutas “podiam ter interesse”.
“Foi-me presente no dia 8, último dia [do seu mandato], e eu podia ter dito ‘fica para amanhã para a minha sucessora’ mas entendi que não era elegante”, justificou o antigo PGR, acrescentando que por isso “não ouvi as escutas, por uma questão de tempo”.
“Foram enviadas para o Supremo no último dia em que fui procurador-geral. Sinto-me à vontade porque quem tem que decidir não sou eu, quem tem que avaliar é o presidente do Supremo”, acrescentou.
Condenando a violação do segredo de justiça, que classifica de “vergonha”, o antigo PGR diz que se Passos Coelho e a pessoa interceptada na escuta quiserem divulgá-la podem fazê-lo, basta pedi-lo.
“Se os intervenientes nas escutas autorizarem [as escutas] podem ser divulgadas. Mas primeiro, o Supremo vai dizer se [as escutas] são válidas ou nulas e depois disso nada na lei obsta a que sejam divulgadas se for para defesa deles. Eu se fosse primeiro-ministro faria isso”, rematou Pinto Monteiro.