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Jorge Sampaio recorda "o grande humanista da contemporaneidade"

O ex-Presidente da República Jorge Sampaio recordou hoje Eduardo Lourenço como "um grande humanista da contemporaneidade", numa mensagem enviada à agência Lusa, em reação à morte do ensaísta, ocorrida hoje, em Lisboa, aos 97 anos.

Jorge Sampaio recorda "o grande humanista da contemporaneidade"
Notícias ao Minuto

12:12 - 01/12/20 por Lusa

País Eduardo Lourenço

"É com grande emoção que recordo o pensador das profundidades do ser e da existência, o cultor insigne das letras, das artes e da cultura, um grande humanista da contemporaneidade, para quem ser português era indissociável do ser europeu e vice-versa", escreve Jorge Sampaio, na sua mensagem de pesar.

"Eduardo Lourenço foi, é e será sempre uma das maiores referências da cultura portuguesa, quer pela sua extensa obra, quer pela [sua] inesgotável profundidade e originalidade", assegura.

"Para quem teve o privilégio de o conhecer mais de perto, ele era também um extraordinário contador de histórias, subtil observador da realidade e dotado de um sentido de humor único", recorda Jorge Sampaio.

Para o ex-Presidente e jurista, "Eduardo Lourenço tinha o talento raro de elevar qualquer conversa, por trivial que fosse, trazendo pontos de vista inesperados, informações e conhecimentos novos ou fazendo comentários que parecendo anódinos traziam sempre à tona o avesso das coisas".

"Tive a fortuna de privar diversas vezes com Eduardo Lourenço nas mais diversas circunstâncias. Quero ressaltar a sua enorme inteligência, o seu comovente desprendimento, a sua modéstia ou até mesmo humildade, bem como o seu agudo sentido de humor", escreve Sampaio.

O antigo Presidente da República (1996-2006) recorda o episódio do ensaísta, quando, um dia, um jornalista lhe perguntou "porque nunca se doutorara, ao que ele terá respondido: 'Olhe, esqueci-me'".

"Eduardo Lourenço deixou-nos hoje. Perdi o meu vizinho à mesa do Conselho de Estado, perdi um muito querido amigo por quem tinha uma estima e uma admiração ímpares, Portugal perdeu um dos seus mais notáveis cidadãos. Restam-nos o seu pensamento, os seus escritos, onde poderemos colher força para continuar à procura do rasto de Eduardo Lourenço escondido nas entrelinhas", conclui Jorge Sampaio.

Eduardo Lourenço Faria nasceu em 23 de maio de 1923, em S. Pedro do Rio Seco, no concelho de Almeida, no distrito da Guarda.

Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas, na Universidade de Coimbra, em 1946, aí iniciou o seu percurso, como assistente e como autor, com a publicação de "Heterodoxia" (1949).

Seguir-se-iam as funções de Leitor de Cultura Portuguesa, nas universidades de Hamburgo e Heidelberg, na Alemanha, em Montpellier, na França, e no Brasil, até se fixar na cidade francesa de Vence, em 1965, com atividade pedagógica nas principais universidades francesas.

Autor de mais de 40 títulos, possuiu desde sempre "um olhar inquietante sobre a realidade", como destacaram os seus pares.

"Labirinto da Saudade", "Pessoa, Rei da Nossa Baviera", "Tempo e Poesia" e "Os Militares e o Poder" estão entre algumas das suas principais obras.

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