"Há pequenas alterações ao programa de português do secundário, mas as sugestões que foram dadas a nível de conteúdos gramaticais não foram aceites. Apesar de tudo outras foram. Trata-se de um programa extremamente dirigista que esquece um pouco toda a história literária contemporânea", afirmou à Lusa Edviges Ferreira, presidente da Associação dos Professores de Português.
Quanto à polémica do recuo do Ministério da Educação em retirar a obra do escritor José Saramago "Memorial do Convento" do novo programa de Português do secundário, Edviges Ferreira lembrou que a opção só foi aceite nos dois primeiros anos de vigência do programa.
"Em vez de ser o 'Cerco de Lisboa' poderá ser o 'Memorial do Convento', em alternância com 'O ano da morte de Ricardo Reis', mas só nos dois primeiros de vigência do programa, depois tem de se voltar obrigatoriamente a dar 'O Ano da Morte de Ricardo Reis'", alertou.
O Ministério da Educação recuou na retirada da obra do escritor José Saramago "Memorial do Convento" do novo programa de Português do secundário, mas durante dois anos será obrigatoriamente substituída por "O Ano da Morte de Ricardo Reis".
De acordo com o programa de Português do ensino secundário, hoje homologado, os alunos do 12.º ano vão poder optar entre estudar o "Memorial do Convento" ou "O Ano da Morte de Ricardo Reis", ambas obras de José Saramago.
A exceção acontece nos anos letivos de 2017-2018 e 2018-2019, em que "O Ano da Morte de Ricardo Reis" se impõe a "Memorial do Convento", obra icónica do único Prémio Nobel da Literatura português e que integrava os currículos do secundário há largos anos.
A justificação para a imposição de dois anos é dada numa nota de rodapé do próprio programa, na qual se pode ler que, "com esta indicação, pretende-se fomentar o conhecimento desta obra, tornando-a tão divulgada junto de professores e alunos quanto 'Memorial do Convento', permitindo que a opção por uma das obras, no futuro, seja mais sustentada".
Edviges Ferreira lamentou ainda a retirada do programa da obra 'Felizmente há luar', de Luís de Sttau Monteiro, "por toda a mensagem que a obra nos traz, com todo o alerta para uma situação que se vivia na altura", frisou, considerando que as obras "que fazem pensar estão a ser retiradas" dos programas.