Os trabalhadores ainda não receberam o salário de Setembro, estando também em falta parte do salário de Julho e o subsídio de férias, adiantou hoje à agência Lusa Helga Nobre, jornalista da Antena Miróbriga há 15 anos.
A jornalista receia que a situação se mantenha, uma vez que as receitas da emissora que garantiam o pagamento dos salários, provenientes do contrato de prestação de serviços celebrado com a Câmara Municipal de Santiago do Cacém, foram "penhoradas pelas Finanças".
Segundo Helga Nobre, por falta de dinheiro, os trabalhadores estão "só a garantir os serviços mínimos" da emissora, não fazendo a cobertura jornalística de eventos na região.
A jornalista da Antena Miróbriga afirmou que as dificuldades financeiras da empresa, reveladas recentemente, apanharam os funcionários de "surpresa" e lamentou a "má gestão", que poderá levar ao encerramento da rádio, a funcionar há mais de 25 anos.
De acordo com Sérgio Valadares, membro da cooperativa que gere a emissora e antigo director de informação e programação, a "situação difícil da rádio" foi comunicada aos cooperantes em maio.
Cerca de três meses depois "nada tinha sido feito" e, numa assembleia geral, foi aprovada a venda do alvará e do imóvel da emissora, o que pressupunha o encerramento da rádio e a instalação de um retransmissor do Grupo Rádio Salesiana, explicou à Lusa Sérgio Valadares.
Tal decisão levou um grupo de 78 pessoas a subscrever um manifesto contra a extinção da Antena Miróbriga, o que fez a direcção da rádio recuar na intenção de venda.
Sérgio Valadares acredita que é possível salvar a Antena Miróbriga, salientando que tal "ficou patente" na sexta-feira passada, numa reunião aberta à população, onde foram discutidas propostas para angariar "receitas no imediato" e apresentado "um projecto ambicioso" para "efectuar uma rádio totalmente nova".
O presidente da Câmara de Santiago do Cacém, Vítor Proença, afirmou à Lusa que "o município está disponível para, com os órgãos" da emissora, contactar empresas e associações da região no sentido de propor parcerias "mutuamente vantajosas".
O autarca confirmou a "situação preocupante" da rádio, realçando dívidas "de curto prazo", às Finanças, à Segurança Social e à banca, de mais de 70 mil euros.
Contudo, Vítor Proença está convencido de que "é possível dar a volta", defendendo que a rádio "faz muita falta, do ponto de vista da identidade local, da protecção civil, da emergência" e também como elemento "aglutinador" numa "área de baixa densidade" e com "população dispersa".
A Lusa contactou o director da Antena Miróbriga, Ferrer de Carvalho, que não quis prestar esclarecimentos sobre a situação da emissora.