'Jihadistas'. "É obrigação do Estado" ir "buscar as crianças e as mães"
A ex-eurodeputada e atual candidata à Presidência da República foi chamada como testemunha por Rómulo Costa, um dos arguidos que são acusados no processo de adesão recrutamento ao Estado Islâmico.
© Global Imagens
País Ana Gomes
"Acho que é obrigação do Estado português, quer em relação a nacionais portugueses que são as crianças, quer em relação aos interesses de segurança nacional e europeia, não se eximir às suas responsabilidades e ir buscar as crianças e as suas mães e tê-las integradas num programa de vigilância e desradicalização". Foi assim que Ana Gomes respondeu aos jornalistas, esta segunda-feira, no final da audição como testemunha no julgamento dos 'jihadistas' nacionais.
"Isto porque", acrescentou, "se nos desinteressamos, depois não nos admiremos que ressentimento e oportunidades de radicalização venham a voltar-se contra a nossa segurança coletiva".
A ex-eurodeputada e atual candidata a Belém foi chamada como testemunha por Rómulo Costa, um dos arguidos que são acusados no processo de adesão ao Estado Islâmico, e fez questão de explicar que não conhece o réu.
"Não conheço a pessoa que está a ser julgada, fui arrolada como testemunha pelo seu advogado porque, enquanto deputada europeia, recebi comunicações dele e do pai dele, avô das crianças que estão na Síria e cujos pais terão morrido, com as mães de nacionalidade estrangeira, mas as crianças são portuguesas", revelou.
Ana Gomes fez ainda questão se sublinhar que "não criticou a União Europeia": "Bem sei, como deputada europeia que trabalhou concretamente nas comissões de inquérito sobre o terrorismo, que não é por falta de interesse e de empenho das autoridades a nível europeu que não há uma política concertada e coordenada".
Pelo contrário, apontou, "é porque os governos dos vários Estados-Membros continuam a entender que as questões de segurança e defesa, incluindo o combate ao terrorismo, se devem fazer numa perspetiva nacional, desarticulada. Não querem partilhar informação e estratégias".
Questionada sobre o que já podia ter feito o Estado português, a ex-eurodeputada afirmou que "a segurança nacional e europeia obrigariam a que fôssemos buscar essas crianças, naturalmente com as suas mães - que eu sei que não são portuguesas, mas é completamente estapafúrdio separar as crianças das mães -, e integrá-los num programa de desradicalização e de vigilância", para que, "um dia, não venhamos a ter nenhuma surpresa desagradável em resultado do ressentimento que se gera se, de facto, o Estado Português se desinteressa da sorte destes seus nacionais que são vítimas".
"O Estado português não pode fingir que o problema não existe", concluiu.
[Notícia atualizada às 16h29]
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com