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Prejuízo causado pelo Lorenzo "era inevitável" nos Açores

Dos 330 milhões de euros de danos causados pela passagem do furacão Lorenzo, 250 milhões foram relativos a portos. Um ano depois, o presidente da Portos dos Açores diz que o prejuízo "era inevitável".

Prejuízo causado pelo Lorenzo "era inevitável" nos Açores
Notícias ao Minuto

12:05 - 01/10/20 por Lusa

País Tempestade

"Nunca ninguém no seu perfeito juízo pensava que aquilo viesse a acontecer", declara à agência Lusa Miguel Costa, presidente do Conselho de Administração da Portos dos Açores, entidade que gere as infraestruturas portuárias e marinas de toda a região.

Estas estruturas foram as mais afetadas pela passagem do furacão Lorenzo, que assolou o arquipélago na madrugada de 01 para 02 de outubro de 2019, deixando para trás um rasto de destruição, que o Governo Regional estimou na casa dos 330 milhões de euros, dos quais 250 milhões foram danos em infraestruturas portuárias da região.

"No porto das Lajes das Flores, todo o equipamento estava devidamente acondicionado no lugar mais seguro do porto, por trás do muro cortina. A seguir ao muro cortina tem uma estrada e ainda tem um muro em betão armado e o edifício em betão armado, onde tinha as garagens e oficinas da Portos dos Açores. Dentro da garagem, tinha um empilhador de 64 toneladas de peso bruto, que foi arrastado cerca de 100 a 120 metros em cima do cais", conta Miguel Costa, para explicar a força deste fenómeno.

E pormenoriza: "O mar galgou, passou o muro cortina, passou esse muro de betão armado, passou o edifício, entrou dentro das garagens, arrastou literalmente esse equipamento que estava por trás de outros equipamentos, que, por sua vez, tinha aduelas de betão de 20 toneladas também a proteger os contentores e outros equipamentos".

O equipamento em causa "pesa o mesmo do que um A320 da Azores Airlines".

Quanto ao prejuízo causado, diz, "era completamente inevitável". Só ali, nas Lajes das Flores, a recuperação ascende aos 180 milhões de euros.

A destruição total deste porto causou constrangimentos que chegaram à vizinha ilha do Corvo, ou não fosse este o principal ponto de entrada de mercadoria por via marítima no grupo Ocidental do arquipélago.

Os problemas de abastecimento na ilha das Flores ficaram resolvidos com o fretamento do navio Malena, em janeiro, mas na ilha do Corvo, apesar de o Porto da Casa ter escapado praticamente ileso, o transporte de mercadorias continua, um ano depois, a ser irregular.

Neste momento, já arrancaram, nas Lajes das Flores, os trabalhos de proteção de emergência, uma empreitada "muito complexa, pela sua exposição ao mar", mas que já tem "tudo devidamente acautelado", indica o responsável.

Será lançado em breve o concurso para a ponte-cais, "com 140 metros, 20 metros de largura, completamente operacional", que "permitirá, num tempo recorde, limite de dois anos", que não haja qualquer limitação no transporte de mercadorias com os navios que operam na região.

Depois destas duas fases da obra - que podem coincidir e que, juntas, perfazem cerca de 40 milhões de euros - segue-se a terceira e última etapa, cujo projeto está a ser ultimado e que deve ser lançada a concurso "no primeiro semestre de 2021".

Com a construção da ponte-cais, Miguel Costa estima que, "em final de 2021, princípio de 2022", as Flores possam ter "um porto operacional", mas a conclusão do cais e molhe principais, na zona comercial, terá um prazo de execução de "nunca menos de cinco anos".

Feitas as obras, "as Lajes das Flores ficarão com um porto excecional", considera o presidente da Portos dos Açores.

"O que está feito garante uma segurança que nunca existiu naquele porto, isso é garantido. E o facto de fazermos também uma ponte-cais no seu interior permite também aqui um aspeto fundamental neste processo e neste projeto, que é a redundância. Caso venha a acontecer (e esperemos que nunca aconteça) alguma situação mais delicada e que danifique o molhe principal, tem sempre o segundo cais, que é a ponte-cais, que garante a operacionalidade daquele porto. Isso será fundamental", explica.

Esta redundância "é estratégica e não é por acaso que, nessa ponte-cais, serão consideradas todas as infraestruturas que serão necessárias, desde os combustíveis, às redes de água, redes elétricas, tudo, inclusivamente a rampa 'ro-ro', para garantir sempre a operacionalidade máxima naquele porto".

Com rajadas de vento que atingiram os 163 quilómetros por hora, foi a 70 quilómetros a oeste das Flores que o Lorenzo esteve mais próximo do arquipélago.

Mas é na outra ponta do arquipélago, no grupo Oriental, que se encontram as outras duas estruturas portuárias mais afetadas pela intempérie.

O porto de Ponta Delgada, em São Miguel, e o de Vila do Porto, em Santa Maria, "têm danos consideráveis nos mantos de proteção".

Para estas duas infraestruturas, os "projetos de execução estão praticamente concluídos" e os procedimentos para as empreitadas devem ser lançados ainda este mês.

É também necessária uma intervenção de "proteção da bacia portuária" nas Lajes do Pico, que "está em fase de conclusão do projeto de execução". O procedimento deve ser lançado no próximo mês. Além disso, o concurso da reabilitação do manto de proteção do Porto das Pipas, na Terceira, "deve ser concluído muito em breve".

Em relação às marinas, registaram-se danos nas estruturas flutuantes na marina de Pêro de Teive, em Ponta Delgada, e na marina da Horta, no Faial, sendo que o equipamento de reparação deve chegar "até ao final do ano".

"Depois há pequenas intervenções pontuais, quer no porto da Madalena, quer no Porto da Casa, na ilha do Corvo, mas de menor dimensão", acrescentou Miguel Costa.

Durante a passagem do Lorenzo nos Açores foram registadas 255 ocorrências e 53 pessoas tiveram de ser realojadas.

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