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"A maior parte dos pais está-se nas tintas para o que se passa na escola"

Miguel Sousa Tavares e David Justino discutiram a polémica em redor da obrigatoriedade da disciplina Educação para a Cidadania e Desenvolvimento.

"A maior parte dos pais está-se nas tintas para o que se passa na escola"
Notícias ao Minuto

23:23 - 07/09/20 por Notícias Ao Minuto

Política Miguel Sousa Tavares

O antigo ministro da Educação David Justino esteve, esta segunda-feira, no Jornal das 8, da TVI, para um ‘frente-a-frente’ com Miguel Sousa Tavares, sobre a polémica em redor da obrigatoriedade da disciplina Educação para a Cidadania e Desenvolvimento.

Logo no início da entrevista, David Justino foi questionado, pelo jornalista Pedro Pinto, sobre a mudança de opinião. Em tempos, concordou com a disciplina, agora é subscritor contra a obrigatoriedade das aulas de Cidadania.

“Eu não mudei de opinião. Aquilo que defendi, em 2004, continuo a defender. Na altura defendi a a possibilidade de ter uma área curricular, que devia ser obrigatória, mas, como conhecia bem a lei de bases da educação, sabia que não a podia tornar obrigatória se fosse colocado por algum pai um processo de objeção de consciência. E isto porquê? Porque está na lei! Não em relação a disciplinas como a matemática e história, mas quanto à área da educação cívica e moral. E, portanto, não tenho problemas de maior, relativamente a ser uma disciplina. Não tenho objeção de maior relativamente a ser obrigatória, tenho é objeção a que não seja salvaguardado o princípio de objeção de consciência que as famílias, os pais e os próprios alunos têm se assim o entenderem”, explicou o também professor.

Desta forma, defendeu David Justino, “a liberdade que eu tenho para aceitar uma disciplina como esta tem que ser a mesma que eu tenho de admitir que outros precisam de ter para a rejeitar”.

O antigo governante sublinhou ainda que esta “não é uma objeção de consciência à Cidadania”, é sim “objeção de consciência a algumas das matérias que estão incluídas dentro da disciplina”, como é o “problema da educação sexual”.

Em resposta, Miguel Sousa Tavares salientou que “educação não é doutrina”, sublinhando que “o Estado não pode doutrinar as pessoas, mas sim educá-las”.

“Sobretudo numa sociedade como a que nós vivemos, em que a maior parte dos pais se demite de educar os filhos, é uma falácia presumir que os pais são passados para trás pelas escolas, que estão a educar os filhos contra a vontade deles. Um pai responsável acompanha a educação que é dada nas escolas aos filhos e pode contrariá-la. Estar aqui a presumir que a escola está a dar uma educação que contraria a os princípios dos pais é uma falácia. A maior parte dos pais está-se nas tintas para o que se passa na escola”, atirou o comentador, garantindo que é a escola que tem de ensinar as “coisas básicas”.

“Se não for a escola a ensinar que não se cospe para o chão, que não se pode abusar livremente da colega ou do colega sexualmente, que a homossexualidade não é uma doença que tem de ser tratada, se não for a escola a ensinar-lhes isso eles estão nas mãos dos piratas das redes sociais, que é quem os educa”, defendeu Sousa Tavares.

De regresso à palavra, David Justino admitiu que está de acordo com o escritor, contudo, sublinha que "o problema é em aceitar que há pais que não o querem" e estes devem ter a liberdade de escolha.

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