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Fazer a festa do Avante! "foi um enorme erro do PCP"

Comentador da SIC considera que o Partido Comunista Português (PCP) errou ao insistir na realização da festa do Avante! este ano, o que denotou um "desfasamento" com o povo e "uma rutura com a sua base de apoio", cuja fatura poderá pagar caro nos próximos atos eleitorais.

Fazer a festa do Avante! "foi um enorme erro do PCP"
Notícias ao Minuto

22:09 - 06/09/20 por Melissa Lopes

Política Marques Mendes

Luís Marques Mendes considerou no seu habitual espaço de comentário, na SIC, que se a festa do Avante!, excecionalmente por causa da pandemia, tivesse sido reduzida só ao comício final (só à parte política), toda a polémica que envolveu o certame "não teria existido". 

Se assim tivesse sido, opinou o social-democrata, o PCP teria colhido vantagens. "Fazia calmamente o seu comício, passava a sua mensagem política, não era criticado e até seria elogiado pelo bom exemplo. Foi uma pena", defendeu. 

No entanto, e apesar de toda a polémica, Marques Mendes destacou como positivo o aparente cumprimento das regras sanitárias. "Era o que se esperava, o PCP é um partido cumpridor". 

Outro aspecto salientado pelo comentador foi o facto de a afluência ao Avante! ter sido menor do que a que se esperava, mesmo atendendo ao limite de 16 mil pessoas imposto pela DGS

Marques Mendes destacou ainda o discurso de Jerónimo de Sousa no encerramento, "aquele que nunca esteve em causa". "Quando se falava de não haver Avante!, não era a parte política, era a parte da festa propriamente dita". O antigo líder do PSD considerou o discurso do líder comunista "um discurso para dentro", ou seja, "virado para a militância".

"Nesse plano, acho que é um discurso eficaz", sublinhou Marques Mendes, considerando um discurso ideológico, sobretudo na parte internacional. "É muito mobilizador do ponto de vista do militante", tem "um caderno de encargos enorme, exaustivo, com vista ao Orçamento". 

A questão que se coloca, no entender do social-democrata, é saber se Jerónimo "abriu ou não abriu uma porta à negociação do Orçamento". "Eu diria que não a fechou (...) No sentido em que o PCP não quer fechar [a porta à negociação] com esta antecedência, se não tornava-se um partido irrelevante". Todavia, Marques Mendes antecipa que vai ser difícil para os comunistas, sobretudo das posições tomadas em relação ao orçamento suplementar, viabilizar o Orçamento do Estado para 2021. 

No entender do comentador, há ainda uma outra "dificuldade" - a perceção pública. "Se o PCP daqui a um mês viabilizar o Orçamento, justa ou injustamente, muita gente vai pensar que havia troca de favores: O Governo fechou os olhos à festa do Avante! e o PCP, em compensação, viabiliza o Orçamento". 

Seja como for, o que vai ficar para a história, do ponto de vista de Marques Mendes, é a polémica toda em torno do Avante!. "Foi um enorme erro do PCP", frisou, sublinhando fazer-lhe "impressão" que o partido não tenha percebido que a realização da festa, em tempo de pandemia, "ia cair mal", mesmo ao eleitorado comunista.

"O que mais desgastou o PCP não foram as críticas dos partidos, dos comentadores, ou da comunicação social, foram as reações populares", algo que é sintomático do "desfasamento" do PCP em relação ao povo. É, de certa forma, "uma rutura com a sua base de apoio", cujas consequências se verão mais adiante. 

Marques Mendes concorda, em todo o caso, que houve uma campanha contra o PCP, mas não isenta o partido de responsabilidades na polémica. "Claro que sim. Pelo menos em parte, houve [uma campanha contra o PCP]. Agora, quem deu azo a isso foi o PCP

"A mim o que surpreende nisto tudo é que o PCP, que normalmente é um partido inteligente a fazer a leitura da situação política, nos últimos anos anda a cometer demasiados erros. Foi o erro com a Geringonça, que pagou caro em várias eleições.

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