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"Quando se recusam a prestar cuidados, só me resta instaurar um processo"

O diretor da ARS do Alentejo garante que não pressionou os profissionais de saúde, mas admite que, a certa altura, a única posição que podia tomar, perante a recusa em prestarem cuidados de saúde aos utentes do lar de Reguengos de Monsaraz, era instaurar um processo disciplinar.

"Quando se recusam a prestar cuidados, só me resta instaurar um processo"
Notícias ao Minuto

16:47 - 18/08/20 por Notícias Ao Minuto

País ARS do Alentejo

O diretor da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo já reagiu às acusações dos médicos do lar de Reguengos de Monsaraz, que dizem ter sido ameaçados por ele com um processo disciplinar, perante os alertas para o facto de não haver condições no lar onde morreram 18 pessoas na sequência de um surto de Covid-19.

Em entrevista à RTP 3, na tarde desta terça-feira, José Robalo justificou o seu posicionamento com a necessidade de acautelar a prestação de cuidados aos utentes, algo que, a certa altura, alguns profissionais estavam a recusar fazer.

"Não pressionei. O que disse, e que se veio a verificar, foi que, no contexto em que as pessoas se recusam a prestar cuidados, só me resta uma posição, que é instaurar um processo disciplinar, se as pessoas se recusam a cumprir aquilo que é de mais nobre, que é a prestação de cuidados de saúde a pessoas que pertencem ao Sistema Nacional de Saúde", explicou, adiantando que se "não havia condições para atuar naquele cenário, o que tinha de ser feiro era referenciar os utentes para outras instalações" e isso deveria ter sido feito através da Proteção Civil, Autoridade de Saúde e Segurança Social.

"Os critérios de separação ou não separação [de utentes] dependem das autoridades de saúde e dos profissionais que estavam no local", destacou José Robalo.

Sobre a decisão de encerrar o lar, o direto da ARS do Alentejo garantiu que "a única entidade que poderia ter fechado o lar seria a Autoridade de Saúde, mas também provavelmente a Segurança Social, se assim entendesse".

diretor regional de saúde aproveitou ainda esta entrevista para reiterar que "os médicos prestaram os cuidados que acharam necessários aos utentes" e para sublinhar que "destas 18 infelizes mortes que se verificaram entre os utentes, só três delas é que se verificaram no lar. Os outros 15 utentes faleceram já no contexto hospitalar, no Hospital Espírito Santo de Évora".

Sobre a responsabilidade da tragédia do surto de Reguengos de Monsaraz, José Robalo descartou qualquer responsabilidade. "Aquilo que cabe à ARS é fornecer um conjunto de funcionários, recursos humanos e materiais que permitam aos profissionais desempenhar a sua profissão. Não faltaram nem recursos humanos, nem materiais, no que diz respeito aquilo que era a nossa competência. Obviamente que nós não tínhamos assistentes operacionais que pudéssemos colocar lá. Nem era essa a nossa intenção uma vez que a nossa prevenção era técnica", explicou.

Sobre a transferência dos utentes para outra instalação, que segundo o relatório da comissão de inquérito da Ordem dos Médicos, devia ter acontecido mais cedo, a ARS frisou que esta era da competência "da Proteção Civil, Autoridade de Saúde e Segurança Social".

Já sobre a falta de condições do lar, José Robalo revelou que esteve duas vezes no local, durante o surto. Numa primeira vez, admite que verificou "que havia alguma desorganização em relação a alguns aspetos", mas garante que, na segunda vez, "estava tudo perfeitamente normal" e os médicos até "tinham uma sala própria onde definiam todos os critérios e informações".

Recorde-se que, o relatório da comissão de inquérito da Ordem dos Médicos indica que os utentes do lar estava deitados quase lado a lado, sem espaço para os médicos se deslocarem e que os idosos estavam desidratados, desorientados, alguns com feridas na pele.

Em relação às condições estruturais, de acordo com a RTP 1, fala-se num edifício degradado, num calor extremo, em lixo no chão e num cheiro horrível, motivado, entre outros, por vestígios de urina seca.

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