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Plantas infestantes dificultam recuperação da Mata de Leiria

As plantas infestantes que competem com novos pinheiros e falta de mão-de-obra na Marinha Grande são duas das principais ameaças à recuperação da Mata Nacional de Leiria, que ardeu quase completamente em 2017.

Plantas infestantes dificultam recuperação da Mata de Leiria
Notícias ao Minuto

07:00 - 09/08/20 por Lusa

País Incêndios

A regeneração desta área florestal litoral está a avançar bem, segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que aponta taxas de sucesso de reflorestação superiores a 80%. 

Porém, há ameaças e a principal é a proliferação de plantas infestantes, sobretudo as acácias. José Nunes André, do Observatório do Pinhal do Rei, considera que a sua proliferação "está atrasar imenso" a recuperação da floresta.

O geógrafo indica zonas onde as infestantes "estrangularam totalmente o pinheiro que nasceu espontaneamente".

O vogal do Conselho Diretivo do ICNF Nuno Sequeira admite que "as invasoras lenhosas são uma preocupação agora - e já o foram no passado" -, mas lembra que está previsto um plano de controlo de invasoras até 2024, porque o combate "tem de ser uma intervenção continuada, de forma a reduzir e conter".

O importante, diz, é reduzir ao mínimo a sua área e evitar que estas plantas cresçam e voltem a produzir semente. 

Na recuperação do Pinhal de Leiria interfere também a falta de mão-de-obra. O ICNF abriu concurso para as matas do litoral, mas a procura não supriu as 50 vagas necessárias. Nuno Sequeira reconhece que são precisos mais trabalhadores para "assegurar a gestão corrente e a manutenção desta área, que necessita de uma atenção permanente". 

A presidente da Câmara da Marinha Grande diz que tem pedido meios, "também para o próprio ICNF, de modo a que possa vir gente para a Marinha Grande trabalhar". Contudo, explica Cidália Ferreira, no concelho "não tem havido desemprego até agora" e, por isso, "houve dificuldade na colocação de pessoal para aqui".

Outra inquietação da autarca é a área não ardida, onde, no seu entender, deveria haver do ICNF "mais cuidado na manutenção".

"É importante que os nichos que ficaram no nosso Pinhal do Rei possam ter uma atenção especial. Se as árvores vão levar tantos anos a crescer, há que criar também outras zonas que possam ser aprazíveis", afirma.

A nível climático, José Nunes André identifica, como impacto do grande incêndio de 2017 e o abate das árvores, "ventos fortes nas zonas limítrofes do pinhal". Também teme o efeito na erosão das dunas. 

"O cordão dunar frontal está a desaparecer. Já estava com a erosão marinha e, agora, com a erosão eólica, pela falta do pinhal, mais ainda", alerta.

Do lado do ICNF, Nuno Sequeira avança que, no "trabalho gigantesco" feito para remoção das árvores queimadas, que "representou mais de 20 mil camiões TIR", existiu o cuidado de, "ao retirar o material lenhoso, o de menor dimensão ser triturado e deixado à superfície do solo espalhado", porque "protege o solo, incorpora a matéria orgânica e diminui a erosão eólica, com arrastamento das areias".

A perda de biodiversidade, nomeadamente no ribeiro de S. Pedro de Moel, é também é criticada pelo Observatório do Pinhal do Rei. José Nunes André aponta que "os eucaliptos centenários que estavam lá, ao arderem, expandiram as sementes para as zonas envolventes", sem que o ICNF tenha agido.

O representante do ICNF admite que "em tudo se pode sempre dizer que havia aspetos que podiam ser feitos da maneira A, B ou C", mas em última análise, diz, quem gere tem de tomar uma decisão.

"Temos conhecimento técnico para isso, tivemos o apoio da comissão científica, temos o acompanhamento do Observatório do Pinhal do Rei e é importante o envolvimento das pessoas que aqui residem", diz Nuno Sequeira.

O instituto, conclui, tem "consciência e um grande empenhamento em fazer a recuperação de acordo com o que a melhor técnica atual dita e permite".

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