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Surto em Reguengos. "O império do medo não se pode sobrepor à verdade"

Sindicato Independente dos Médicos criticam presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz. "Nunca tal se viu... considerar um lar ou mesmo um pavilhão como um hospital", sublinham os médicos.

Surto em Reguengos. "O império do medo não se pode sobrepor à verdade"
Notícias ao Minuto

22:07 - 17/07/20 por Melissa Lopes

País Médicos

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) tece duras críticas à forma como as autoridades locais estão a lidar com o surto de Covid-19 no lar de Reguengos de Monsaraz e que já causou 17 vítimas mortais. 

"Apesar da calamidade que ocorreu em Reguengos, o Sr. Presidente da ARS Alentejo, Dr. Robalo aparenta e refere estar de consciência tranquila, contando ontem [quinta-feira] com uma fortíssima manifestação de solidariedade do Governo",  acusa o sindicato, referindo-se à reunião que juntou secretário de Estado da Saúde António Sales, o secretário de Estado Adjunto da Defesa Jorge Seguro Sanches e a diretora-geral de saúde Graça Freitas. 

Com este apoio, e na "sua dupla qualidade" de Presidente da Câmara de Reguengos e simultaneamente Presidente da Fundação do Lar "sentiu-se ainda mais seguro em relação das sucessivas ordens ilegais de pressão dos médicos, retirando-os dos Hospitais do SNS onde são tão necessários". 

"Terá decerto sentido conforto de considerar um Lar como um local do SNS quase um hospital para onde tem alocado meios materiais e humanos, isentando a Segurança Social e o responsável do Lar dessa tarefa", lamenta o SIM, frisando que "nunca tal se viu". 

"Nem depois do Ministério Público ter iniciado inquérito, nem depois da intervenção da Ordem dos Médicos, nem mesmo de relatos de condições muito diferentes de unidades hospitalares graves manteve a atitude de ignorar olimpicamente os avisos e criticar o SIM agora com o apoio público do Governo", apontam os médicos, solidarizando-se com a posição tomada pela Ordem dos Médicos relativamente à situação vivida no Lar de Reguengos de Monsaraz nas últimas semanas e  apelando a que "haja proteção a todos os que forem chamados a depor no inquérito". 

O SIM reforça ainda a sua posição afirmando que "o império do medo não se pode sobrepor à verdade nem transformar um lar ou mesmo um pavilhão gimnodesportivo num hospital" e acusando a ARS do Alentejo de, na última década, ter revelado "falta de capacidade de gestão organizacional e liderança para fazer evoluir o Alentejo a nível dos cuidados de saúde". 

De acordo com o sindicato, há cada vez menos profissionais de saúde, as infraestruturas estão cada vez mais degradadas, o que tem como consequência um menor acesso aos cuidados de saúde pela população. O SIM sublinha ainda que não há quaisquer sinais da parte da ministra da Saúde para "inverter este tipo de políticas".

O sindicato exige, por isso, que sejam tomadas medidas, não só em Reguengos como em todo o Alentejo. "Dessas medidas poderiam desde já contar a aplicação de incentivos à fixação e respeito pelos médicos. (...) Os médicos não podem ser empurrados para situações que ponham em causa a segurança dos doentes e correrem riscos profissionais e estarem sujeitos a que qualquer tribunal os possa acusar de negligência", conclui o SIM. 

Recorde-se que o surto em Reguengos de Monsaraz já está "controlado", afirmou ontem Graça Freitas depois da reunião na  Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo. 

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