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Diversificação de avaliação é necessária para "melhores aprendizagens"

O secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa, afirmou hoje que a covid-19 veio "reforçar a perceção" de que é preciso investir na diversificação dos instrumentos de avaliação para que os alunos tenham "melhores aprendizagens".

Diversificação de avaliação é necessária para "melhores aprendizagens"
Notícias ao Minuto

17:42 - 03/07/20 por Lusa

País Ensino

"Estamos neste momento, e vamos continuar a estar no próximo ano letivo, num momento crucial em que aprender a estudar e aprender a aprender com autonomia é absolutamente fundamental", afirmou João Costa durante a apresentação de um estudo da Universidade do Minho sobre como os professores se adaptaram ao contexto de ensino e aprendizagem à distância, adiantando que a pandemia "pôs muita coisa debaixo de lupa que já existiam", nomeadamente, as desigualdades no sistema educativo.

"Questões que já existiam e eram foco da nossa atenção, como as desigualdades do sistema educativo, tornaram-se ainda mais evidentes. O efeito das desigualdades não aparece agora, mas torna-se mais visível por um lado e, maior, por outro", referiu.

Para João Costa a pandemia da covid-19 veio "reforçar a perceção" de que é necessário "continuar a investir" e refletir sobre a avaliação, os instrumentos de avaliação e as aprendizagens dos alunos.

"Temos investido muito na partilha de práticas entre as escolas, por isso, há uma tónica que temos tido e colocado na diversificação dos instrumentos de avaliação como condição essencial para termos melhores aprendizagens", referiu o secretário de Estado, defendendo que os estudantes não devem ser avaliados com base em "componentes meramente cognitivas".

"Aprender é muito mais do que ser avaliado num exame e se não se trabalhar outras formas de avaliação, que passam pela interpretação, raciocínio, vai-se falhar e os alunos não vão ficar bem preparados", salientou.

Durante a sessão, o secretário de Estado afirmou ainda que a pandemia tornou "muito evidente" o entendimento de que o ensino secundário "serve para os exames", considerando isso a "pior matança" que se pode fazer a um ensino de qualidade e aos resultados dos exames.

Para tal, acredita ser fundamental "fazer uma diferenciação nos instrumentos", nomeadamente, perceber que certos instrumentos funcionam presencialmente, mas outros não, dando como exemplo, os testes, método de avaliação que "funciona muito bem numa sala de aula", mas nem tanto à distância.

"Este momento obriga-nos a saber exatamente o que é aprender, estudar e recentrar aquele que é o nosso foco na avaliação", concluiu.

O estudo, liderado por investigadores do Centro de Investigação em Estudos da Criança (CIEC) da Universidade do Minho concluiu, entre outras matérias, que a falta de equipamentos adequados para os alunos e a dificuldade em envolvê-los na aprendizagem foram os principais entraves sentidos no ensino à distância em tempo de covid-19.

Com base num inquérito 'online', que decorreu de 26 de maio a 12 de junho, o estudo recolheu dados de 2.369 professores, maioritariamente de escolas públicas (96,8%) situadas em zonas predominantemente urbanas (57,3%).

No estudo "Ensino e avaliação à distância em tempos de covid-19 nos ensinos básico e secundário" participaram professores desde o ensino pré-escolar ao ensino secundário de todas as regiões do país, incluindo as regiões autónomas dos Açores e da Madeira.

Questionados sobre as dificuldades enfrentadas com o método de ensino e avaliação à distância, a maioria dos professores (58,4%) referiu a falta de equipamentos adequados para os alunos como o principal entrave, apontando também a dificuldade em envolver os estudantes nas aprendizagens (40,8%), a falta de tempo (35,1%) e a ausência de formação adequada (30,6%).

Além destes obstáculos, os professores "consideram ter sido muito difícil lidar com a impossibilidade de elogiar, de dar reforços positivos, de dar e receber 'feedback' instantâneo, da ausência da presença física", lê-se na síntese do estudo.

Contudo, as dificuldades foram mais sentidas na avaliação do que no ensino e aprendizagem, com os docentes a considerarem a avaliação "o elemento mais difícil de implementar, quer pela falta de motivação dos alunos quer pela insegurança na fiabilidade dos resultados".

Em relação às práticas de avaliação, 85,4% dos professores optaram pela modalidade de avaliação formativa, sendo que para a maioria dos professores a avaliação diagnóstica e a avaliação sumativa apenas "teve alguma ou nenhuma importância", 61,2% e 73,2% respetivamente.

Dos 2.369 inquiridos no estudo, dos quais 49,1% têm mais de 26 anos de serviço, a grande maioria possuía acesso a internet em casa e condições adequadas para realizar o ensino à distância.

Portugal contabiliza pelo menos 1.587 mortos associados à covid-19 em 42.782 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

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