No seu habitual comentário no Jornal das 8 da TVI, Miguel Sousa Tavares dissertou, esta segunda-feira, sobre a situação epidemiológica em Portugal, face à pandemia da Covid-19, bem como ao facto de a fase final da Liga dos Campeões se jogar em Lisboa. Sobre esta última questão, o ex-jornalista diz tratar-se de uma "provocação" a todos os que estiveram "fechados em casa" em confinamento. 

"Tenho vindo a estranhar o eterno planalto em que estamos e os sucessivos técnicos que nós temos interrogado a pergunta é sempre a mesma: Porque é que não saímos do planalto?", começou por afirmar.

O comentador disse ainda que "vivemos duas ilusões". Uma é que "tinha sido um sucesso a primeira fase do combate, a política sanitária seguida para combater a Covid" e, a segunda, "que o Serviço Nacional de Saúde tinha testado maravilhosamente essa crise".

"Ambas as coisas não são verdadeiras. O que foi um sucesso foi o comportamento dos portugueses porque, de facto, houve uma onda de medo que levou as pessoas a irem para casa mesmo antes de lhes ser pedido. E foi isso que permitiu que não houvesse sobrecarga do Serviço Nacional de Saúde", advogou. 

"Assim que desconfinamos", referiu Miguel Sousa Tavares - considerando, contudo, que este ocorreu "no momento certo" -, "percebeu-se que não havia nenhuma estratégia de saúde". "O dito planalto continua como estava, nada mudou". 

A acrescentar, continuou, "tivemos a precipitação otimista" de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, ao irem ao concerto no Campo Pequeno: "Tivemos a manifestação antiracista, a da CGTP [...] houve sempre a ideia de que alguns acontecimentos onde estava o Presidente, ou o primeiro-ministro ou a ministra da Cultura... ok, os outros espontâneos não". 

Agora, "começamos a ter os maus comportamentos derivados dos maus exemplos". 

Liga dos Campeões em Lisboa? "É provocação"

A "cereja em cima do bolo" acerca da situação relativa à Covid-19 é, para o comentador, a Champions  - cujos jogos se irão disputar em Portugal. "A Liga dos Campeões em Lisboa é uma provocação pura e simples. É uma provocação ao país, aos lisboetas, aos médicos, a todos nós que estivemos fechados em casa". 

Sousa Tavares criticou ainda o facto de o presidente da UEFA ter dito que no dia 15 o organismo iria decidir se haveria ou não público nos estádios: "Não somos nós que decidimos? Andamos da trote da Federação e da UEFA?" 

Se "correr mal", conclui, "não conseguimos parar a primeira onda e vamos levar com a segunda". 

Leia Também: Ajuntamentos em LVT voltam a ter limite e autoridades podem autuar