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Continua 3.ª feira julgamento de GNR acusados de sequestro e agressões

O Tribunal de Beja continua, esta terça-feira, a julgar os cinco militares da GNR acusados de sequestrar e agredir trabalhadores imigrantes em Odemira (Beja), tendo o coletivo de juízes marcado ainda sessões para os dias 22 e 24.

Continua 3.ª feira julgamento de GNR acusados de sequestro e agressões
Notícias ao Minuto

19:21 - 15/06/20 por Lusa

País Beja

O julgamento arrancou hoje e, nesta primeira sessão, ao longo de todo o dia, foram ouvidos quatro dos arguidos, André Ribeiro, João Lopes, Ruben Candeias e Luís Delgado, tendo as eventuais declarações a prestar pelo militar da GNR que falta, Nelson Lima, ficado agendadas para terça-feira, a partir das 09:45.

Os cinco militares da GNR, que foram detidos a 08 de maio de 2019, estão acusados, em coautoria material, de quatros crimes de ofensa à integridade física qualificada, dois de sequestro e dois de violação de domicílio por funcionário, sendo que João Lopes é ainda acusado de um crime de falsificação de documento.

Perante o coletivo de juízes, esta tarde, Ruben Candeias afirmou não ter visto "ninguém a bater em ninguém", mas, quando seguia na viatura da patrulha da GNR a que pertencia, com João Lopes, diz ter ouvido "um barulho tipo palmada" vindo da parte de trás, onde se encontravam André Ribeiro e um trabalhador indiano.

Já de manhã, João Lopes tinha contado o mesmo, quando disse ter ouvido o que depreendeu ser "uma chapada" da parte de André ao imigrante, devido "ao barulho na cara".

De tarde, também Luís Delgado, que integrava a outra patrulha da GNR, com Nelson Lima, que esteve envolvida na ocorrência, apesar de estar a sair de serviço, prestou declarações em tribunal para garantir que não viu "ninguém a bater em ninguém".

O militar disse que a sua patrulha só ficou "para dar apoio" e que acompanhou os companheiros de profissão, mas, perante as perguntas do coletivo de juízes, foi sempre relatando não ter visto agressões.

"Do seu ponto de vista foi uma noite normal? Não viu nada, não prestou auxílio nenhum, só estava lá. Andou lá e não viu nada" e "passou-lhe tudo ao lado", disse-lhe uma das juízas.

O primeiro a ser ouvido, de manhã, foi André Ribeiro: "Não batemos em ninguém. Quisemos levá-lo [a um imigrante indiano alegadamente agredido] ao restaurante e ele não se negou. Não o algemei, não lhe pus braçadeiras".

Segundo a acusação do Ministério Público (MP), na noite de 30 de setembro de 2018, num restaurante em Almograve, Odemira, decorreu um jantar com cerca de 25 indianos, como Gurjit Singh, "conotado pelas autoridades policiais com a atividade de tráfico de seres humanos para exploração laboral", e no qual esteve presente André, o "único não indiano presente", mas que o arguido hoje refutou, alegando ter levado a família.

No jantar, houve uma "forte discussão" entre Gurjit Singh e dois outros homens, que tinham sido seus trabalhadores. De acordo com o MP, André regressou após as 00:00, já no dia 01 de outubro, acompanhado por uma viatura da GNR com dois militares fardados e, depois, chegou uma segunda viatura da Guarda.

Segundo a acusação, os militares dirigiram-se à habitação dos trabalhadores, em Longueira-Almograve, onde, entre as 00:00 e as 00:30, forçaram a abertura do portão e da porta de entrada e irromperam pela casa, onde "bateram gratuitamente em outros indianos" com quem se depararam e encontraram Kuldeep Kumar, um dos alegados envolvidos na discussão no restaurante, a quem André desferiu "pelo menos um golpe contra a cabeça", com um cassetete, "amarrou-lhe as mãos atrás das costas com uma braçadeira em plástico" e arrastou-o "à força até à rua enquanto lhe desferia chapadas na cabeça".

Kuldeep "contra sua vontade", foi levado até junto do restaurante, e, "durante o trajeto, desferiram-lhe chapadas na cara". Já no local, espancaram-no "severamente", "deixando-o inconsciente" e provocando-lhe várias lesões, até o levarem de volta a casa.

Cerca da 01:00, André, João, Ruben e Luís voltaram a bater noutros indianos que lá moravam, como Narinder Singh, que também foi transportado até junto do restaurante, diz a acusação.

Ainda no dia 01 de outubro, refere o MP, o arguido João "forjou" o relatório de serviço, declarações e um auto de inquirição de uma testemunha com "factos que não correspondiam à verdade" e com a "única intenção de encobrir os crimes" que os cinco militares tinham cometido, pode ler-se.

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