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Dia do Enfermeiro."Há 1 ano éramos criminosos, hoje apelidados de heróis"

Enfermeiros agradecem o carinho das pessoas, mas mostram-se revoltados com a falta de progressão da carreira.

Dia do Enfermeiro."Há 1 ano éramos criminosos, hoje apelidados de heróis"

No Dia Internacional do Enfermeiro, que se assinala esta terça-feira, dia 12 de maio, foram muitas as referências públicas nas redes sociais, e não só, a estes profissionais de saúde. As palavras de carinho e agradecimento preenchem o coração dos que lutam todos os dias, na linha da frente, não só agora, contra a Covid-19, mas desde que assumiram a missão de salvar vidas.

Mas nada melhor do que ouvir o testemunho dos próprios. Se se sentem acarinhados por um lado, por outro, sentem-se injustiçados com a falta de evolução e progressão profissional.

Nuno Moreira da Fonseca, o enfermeiro do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, que já nos habituou a relatos emocionantes durante a pandemia do novo coronavírus, no Instagram, fez hoje mais uma publicação impressionante.

O profissional de saúde começa por dizer que, para ele, “ser enfermeiro é ser dedicado, solicito e resiliente. É mais do que uma profissão, é paixão, é entrega e sacrifício tantas vezes, mas também é alento e ternura, um abraço e um sorriso. Nestes tempos difíceis destas horas extraordinárias cheias de sobressaltos e angústias, é estarmos presentes como sempre para todos vós que são sem dúvida a nossa maior motivação.

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Hoje celebramos mais um Dia internacional do Enfermeiro. Ser enfermeiro é ser dedicado, solicito e resiliente. É mais do que uma profissão, é paixão é entrega e sacrifício tantas vezes, mas também é alento e ternura, um abraço e um sorriso. Nestes tempos difíceis destas horas extraordinárias cheias de sobressaltos e angústias, é estarmos presentes como sempre para todos vós que são sem dúvida a nossa maior motivação. Sentimos que somos preteridos e pouco estimados não pelos doentes, mas por quem nos governa, não temos evolução e progressão na carreira profissional, e é com um sentimento agridoce que neste momento assistimos ao que esta a acontecer noutros países, o elogio da nossa classe e do nosso trabalho são justamente aplaudidos e valorizados, mas principalmente reconhecidos com remunerações justas e dignas. E por cá tudo na mesma, não somos reconhecidos nem valorizados pelo esforço, tendo a maior parte de nós que ter horários duplos com propostas de 4€ hora, quando enfrentamos enormes riscos sem quaisquer subsídios ficando privados como nestes tempos das nossas famílias. Deixamos os que amamos para sermos braços de quem nos governa e sermos a salvaguarda do bem comum. “Faltam-nos os abraços dos nossos pais, e faltamos aos nossos filhos, de quem perdemos os primeiros passos e os melhores sorrisos.” Estudámos e fomos formados para nos dedicarmos a quem na doença fica mais frágil e dependente, e dão-nos por recompensa a indiferença e vidas vexatórias é de facto preciso coragem e muito querer para quem no seu limite, prescinde de si para se dedicar a todos. A árdua batalha das nossas vidas será ganha, este tempo vai passar e amanhã seremos de novo quem não vai ser lembrado, reconhecido nem elogiado, não por vós como disse, mas por quem tem o dever de cuidar de todos. Contudo estaremos sempre presentes, porque somos aqueles de quem todos sem excepção um dia esperam mais de nós. Nunca vos faltaremos #enfermagem #enfermeiros #diadosenfermeiros #nurse #nurselife #ordemdosenfermeiros #ninguemestasozinho #juntossomosmaisfortes #teamnurse #internationalday

A post shared by Nuno Moreira da Fonseca (@nuno.moreira.da.fonseca) on May 12, 2020 at 7:55am PDT

Para de seguida desabafar. “Sentimos que somos preteridos e pouco estimados não pelos doentes, mas por quem nos governa, não temos evolução e progressão na carreira profissional, e é com um sentimento agridoce que neste momento assistimos ao que esta a acontecer noutros países, o elogio da nossa classe e do nosso trabalho são justamente aplaudidos e valorizados, mas principalmente reconhecidos com remunerações justas e dignas. E por cá tudo na mesma, não somos reconhecidos nem valorizados pelo esforço, tendo a maior parte de nós que ter horários duplos com propostas de 4€ hora, quando enfrentamos enormes riscos sem quaisquer subsídios ficando privados como nestes tempos das nossas famílias”, atira.

Mas Nuno vai mais longe. “Deixamos os que amamos para sermos braços de quem nos governa e sermos a salvaguarda do bem comum. Faltam-nos os abraços dos nossos pais, e faltamos aos nossos filhos, de quem perdemos os primeiros passos e os melhores sorrisos”, recorda, acrescentando que, quando a pandemia da Covid-19, os enfermeiros voltarão a não ser lembrados, nem elogiados “por quem tem o dever de cuidar de todos”.

Contudo, garante o enfermeiro, os profissionais de saúde vão sempre ajudar quem precisa. “Estaremos sempre presentes, porque somos aqueles de quem todos sem exceção um dia esperam mais de nós. Nunca vos faltaremos”, concluiu.

Palavras estas asseveradas pelo enfermeiro da Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos do Hospital Dona Estefânia Tiago Salgadinho, na sua página de Facebook.

Celebramos hoje o nosso dia. O dia daqueles que estão presentes em qualquer momento, em qualquer lugar, em qualquer circunstância para cuidar. Se há um ano atrás éramos criminosos, hoje somos apelidados de heróis. Um ano que não só muda opiniões, como vem mudar praticamente tudo à nossa volta. Felizmente o que nunca mudará, é a forma como diariamente damos tudo de nós em prol de todos vós”, lê-se na publicação do profissional de saúde.

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