Em declarações à Lusa, após a sessão, feita na quinta-feira em videoconferência, o deputado Gustavo Pimenta (PS) explicou que votou contra a proposta por não concordar com o facto de "mais de 40% dos veículos serem a diesel (11 em 26)".

"A fundamentação económica desta proposta aponta para que as viaturas tenham uma duração aproximada de 10 anos. E isto aponta no sentido de que, daqui a 10 anos, ainda tenhamos viaturas a diesel a circular na cidade", disse, adiantando que na sessão foi levantada a hipótese de que possam "ser reconvertidas em viaturas a gás".

"Bem sei que há hipótese de algumas destas viaturas a diesel poderem vir a ser reconvertidas em viaturas a gás, mas é apenas uma hipótese que nos foi anunciada hoje", referiu.

Por sua vez, a deputada Susana Constante Pereira (BE) considerou existir "uma conjugação de fatores que deixa a desejar".

"Há uma conjugação de fatores que nos faz desconfiar no ponto de vista da gestão de uma empresa que é uma empresa pública. (...) Entendemos que fazer a aquisição de 11 veículos, por 10 anos, com esta repercussão vai contra aquilo que é o compromisso de redução das emissões de dióxido de carbono até 2030", afirmou.

À Lusa, o deputado André Noronha, do 'Porto, o Nosso Movimento', movimento independente que lidera o município, disse ter ficado "surpreendido" com a posição do PS e do BE, uma vez que a proposta representa "uma poupança de 60 mil euros mensais na comparação entre os dois preços-base (do concurso)".

"O que não se percebe é porque é que o PS e o BE votam contra. Eles apresentam como explicação o facto de existirem viaturas que ainda são a diesel e não são a gás, têm mais emissões (...), mas são veículos de tamanho mais pequeno para andar em ruas mais pequenas e o mercado não tem esses veículos a gás. Portanto, ou é a gasóleo ou não se apanha o lixo naquela rua", afirmou.

André Noronha referiu ainda que, anteriormente, "a frota era totalmente a gasóleo" e que, com esta proposta, passa para "cerca de 70% o número de veículos movidos a gás".

Já Bebiana Cunha, do PAN, declarou ser com "positivismo" que vê a aquisição das viaturas, mas que é necessário planear a "transição energética".

"Estamos a falar de investimentos plurianuais, por isso, entendemos que deveria haver aqui esse cuidado no sentido de se planear a transição energética (...). Há aqui uma série de questões que poderiam ser revistas. A resposta do vereador foi que, de facto, neste momento, não conseguia ter respostas no mercado, mas assumiu o compromisso de que se as respostas vierem a existir, o município faz essa transição", explicou a deputada.

Já Rui Sá, da CDU, defendeu que a limpeza urbana limpeza deveria "ser assegurada pelos serviços municipais" e não por uma empresa municipal.

"Todo o investimento poderia ser feito pela Câmara do Porto, não havendo necessidade de recorrer a situação de 'leasing' que, objetivamente, faz com que tenhamos de pagar 100 mil euros de juros à empresa", afirmou o deputado, adiantando estar "preocupado" não só com o facto de as viaturas serem a diesel, como com a sua manutenção, que "apenas é assegurada durante cinco anos pelo fabricante".

O deputado Alberto Machado, do PSD considerou que "a questão da empresa municipal de Ambiente é uma questão mal resolvida" e que a aquisição destes veículos vai representar "um grande custo".

"Ficará para mais tarde a real avaliação que iremos fazer relativamente à história que nos foi contada de que a solução da empresa municipal do Ambiente seria uma solução mais barata para a cidade (...). Quando fizermos o balanço disto tudo é que, não só a câmara municipal está a ter um pior desempenho no que diz respeito à limpeza da via pública, como vai ficar mais caro. Esta solução não convence o PSD", destacou.

Na reunião do executivo, a proposta foi também aprovada por maioria, com a abstenção do PSD, CDU e votos contra do PS.

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