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Enfermeira revolta-se. "6,42 euros/hora de trabalho no meio do inferno"

Enfermeira do Hospital de Évora partilhou mensagem nas redes sociais na qual se mostra indignada com o Governo e a ministra da Saúde.

Enfermeira revolta-se. "6,42 euros/hora de trabalho no meio do inferno"
Notícias ao Minuto

18:00 - 09/04/20 por Notícias Ao Minuto com Lusa

País Covid-19

Carmen Garcia, enfermeira no Hospital do Espírito Santo, em Évora, partilhou nas redes sociais um desabafo sobre a situação dos enfermeiros que o Governo está a contratar para o combate à pandemia da Covid-19, sublinhando que o Executivo está a oferecer "6,42 euros por cada hora".

"No meio dos aplausos da pandemia, no momento em que somos chamados de heróis, quando nos dizem que somos os soldados da linha da frente e a última fronteira entre a vida e a morte, o Governo tenta recrutar enfermeiros com a vergonhosa proposta de pagamento de 6,42€ por hora", começa o texto de Carmen Garcia, que já se tornou viral nas redes sociais.

Indignada com estes valores, a enfermeira fala ainda das más condições de trabalho. "Seis euros e quarenta e dois cêntimos por turnos de doze horas enfiados em hospitais de campanha, metidos em fatos assustadoramente desconfortáveis, com máscaras e óculos que ferem o rosto. Seis euros e quarenta e dois cêntimos para não dormir em casa e não ver os pais nem os filhos durante semanas que se podem transformar em meses", acrescentou.

Carmen Garcia apontou ainda o dedo à ministra da Saúde, Marta Temido, acusando-a de não "corar de vergonha" quando sugere que "quem nos cuida" receba por hora "o mesmo que uma empregada doméstica".

"Diz a ministra que o valor base de um enfermeiro em início de carreira é 7,42€. E diz isto sem corar de vergonha, reparem. Como se não fosse absolutamente vergonhoso ter quem nos cuida a receber por hora o mesmo que uma empregada doméstica. E mesmo assim ainda conseguiram retirar um euro a este valor, na proposta mais vergonhosa que me lembro de ler", relatou.

"Seis euros e quarenta e dois cêntimos por hora é o que querem pagar a quem vai salvar a vossa vida. É quanto o governo decidiu que vale a primeira linha, a última fronteira. Não sei se estão a pensar pagar o resto em palmas ou com palavras bonitas", rematou.

Sindicato denuncia situações "insustentáveis" que "já são crónicas"

Também esta semana, recorde-se, o Sindicato de Todos os Enfermeiros Unidos (SITEU) veio a público denunciar o "défice de enfermeiros no SNS" face ao "enorme afluxo de doentes nas últimas semanas". "Os enfermeiros estão a trabalhar horas intermináveis sem folgas, sem condições de proteção mínimas, expostos ao contágio. E a situação ainda vai piorar mais com a subida esperada de casos nas próximas semanas", referia a presidente do SITEUGorete Pimentel, citada num comunicado enviado à agência Lusa.

Salientando a necessidade de serem contratados mais profissionais para "reforçar as equipas" e temendo que "mais tarde" seja "tarde demais" e que escasseiem enfermeiros nos hospitais, o SITEU alertava, porém, para serem oferecidos aos enfermeiros "incentivos que valorizem a profissão e reconheçam os riscos adicionais a que os enfermeiros estão expostos, nesta altura de pandemia, com turnos ainda mais exigentes, com maior rotatividade e a que acresce um ainda maior desgaste físico e emocional"

O Governo está a oferecer para a entrada de novos enfermeiros, com contratos de quatro meses, 6,42 euros por hora, e os concursos lançados "estão a ficar desertos". "Quem quererá ir para o olho do furacão nestas condições, sem treino e sem equipamento de proteção? Numa altura em que não sabemos quando atingiremos o pico [da pandemia], quanto mais regressar à normalidade?" - são as perguntas formuladas pela direção do sindicato.

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