Meteorologia

  • 26 ABRIL 2024
Tempo
16º
MIN 12º MÁX 17º

Portugueses retidos em Moçambique após cancelamento de voo

Um grupo de pelo menos 25 portugueses, além de passageiros de outras nacionalidades, estão desde quarta-feira retidos em Moçambique, depois do cancelamento de um voo com destino a Portugal e sem soluções imediatas à vista, disseram à Lusa.

Portugueses retidos em Moçambique após cancelamento de voo
Notícias ao Minuto

13:47 - 19/03/20 por Lusa

País Covid-19

Devido ao novo coronavírus, um voo das Linhas Áreas de Angola (TAAG) de Maputo para o Porto, com escala em Luanda, foi cancelado, sem que a companhia tenha dado alternativas para Portugal, disse José Fonseca, um dos passageiros.

A Lusa ouviu testemunhos segundo os quais, nem a companhia, nem seguros de viagem estão a assumir os custos de prolongamento da estadia em Maputo, alegando o caráter excecional da pandemia provocada pelo novo coronavírus.

A única companhia que ainda faz a ligação entre Lisboa e Maputo é a portuguesa TAP, mas é difícil encontrar lugar e os que há têm preços proibitivos, lamentou José Fonseca, que precisaria de cinco bilhetes, para ele, a mulher e três filhos.

O grupo continua a encetar contactos com as companhias aéreas, em busca de soluções, mas apelou às autoridades portuguesas.

"Estamos a apelar a todas as companhias aéreas ou até mesmo ao Governo português para nos ajudar a sair daqui", afirmou José Fonseca.

Não se trata só de uma questão do "prejuízo que se está a acumular" para a família, mas também de temor face à ameaça de a pandemia atingir o país.

"Quando chegar [a Moçambique], não vai ser uma situação fácil. Não temos uma situação de saúde que me possa agradar", referiu o português de Vila do Conde.

Aveline Santos, 31 anos, trabalhou durante 24 dias no norte de Moçambique numa parceira entre a Universidade de Aveiro e a Universidade Católica de Moçambique e agora vive momentos de incerteza.

"É das poucas vezes que usei a palavra, mas ontem fiquei mesmo em pânico. Hoje já chorei muito. Só queria fechar os olhos e que tudo acabasse", descreveu.

Apesar de ter recebido indicação de que talvez possa reservar lugar num voo da TAP, no sábado, tem recebido também informações contraditórias: há passageiros que referem que o avião "já está cheio", outros dizem que "já não haverá" ligação.

Tudo somado, ficar retida em Maputo "é uma questão de saúde, de segurança, de stress, mas também financeira": "A minha missão terminou, o seguro de vigem não se responsabiliza, por esta ser uma situação excecional e a TAAG também".

"Precisamos mesmo de ajuda, que Portugal possa olhar e pensar que existem aqui muitos como nós, em situação difícil e alguns em situações até precárias", acrescentou.

Hugo Silvestre está com a família alargada numa visita ocasional a Moçambique que ameaça tornar-se num problema.

"Temos reservas [financeiras] para alguns dias com qualidade, mas se a solução só surgir daqui a duas a três semanas, vamos ter algum momento difícil e isso preocupa-nos", contou.

"O que pedimos ao Estado português é que nos tratem da mesma forma que trataram cidadãos que estavam na China e Marrocos, que nos consigam vir buscar", concluiu.

Frederico Silva, cônsul-geral de Portugal em Maputo, disse à Lusa que além dos passageiros que deviam seguir no voo da TAAG de quarta-feira, há outros já sinalizados no total de nove países sob a sua alçada.

O total é um número ainda "indeterminado" de pessoas maioritariamente deslocadas em turismo ou negócios e que "face aos novos contextos têm dificuldade em regressar ao país".

Segundo referiu, está a ser feito "o máximo que é possível fazer para encontrar soluções caso a caso", admitindo tratar-se de uma tarefa "colossal".

Há "necessidades ainda indeterminadas", mas o objetivo é que todos possam regressar a Portugal "o mais cedo possível", assegurou.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 220 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 9.000 morreram.

Das pessoas infetadas, mais de 85.500 recuperaram da doença.

O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se já por 176 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 785, mais 143 do que na quarta-feira. O número de mortos no país subiu para três.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório